Avaliação do ciclo de vida de alternativas de gerenciamento de resíduos orgânicos urbanos para estimativa das emissões de gases de efeito estufa : estudo de caso no campus da Universidade Federal de Pernambuco

Abstract

A fração orgânica corresponde a quase 50% dos resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil e apresenta alto potencial para aproveitamento químico e energético. Entretanto quando não realizado o aproveitamento destes resíduos, o material é enviado a aterros e lixões, o que contribui para o aumento das emissões atmosféricas de gases de efeito estufa (GEE). A compostagem e a digestão anaeróbia são tecnologias indicadas para tratamento e aproveitamento destes resíduos pois além de propiciarem impactos muito menores, geram produtos de valor agregado como o fertilizante orgânico e o biogás, o qual pode ser fonte de energia elétrica, térmica ou veicular. Quantificar as emissões atmosféricas de cada processo contribui para subsidiar as escolhas de processamento nos municípios, empreendimentos ou outros locais de alta produção de resíduos orgânicos. O presente estudo adotou como área de estudo a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) como exemplo de um município de pequeno porte, onde até 2019 eram gerados em média 7t de resíduo de alimento e 70t de resíduos de podas, jardinagem e varrição por semana, os quais eram integralmente enviados para aterros sanitários. Partindo desta realidade, foi realizado a aplicação da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), para quantificar as emissões atmosféricas e estimar o potencial de aquecimento global de três alternativas de gestão dos resíduos orgânicos da UFPE: 1) destinação dos resíduos ao aterro; 2) Processamentos dos resíduos através da compostagem (resíduos de alimentos e de podas); e 3) Digestão anaeróbia dos resíduos de alimentos combinada com a compostagem dos resíduos de podas e o digestato oriundo do biodigestor anaeróbio. Os resultados indicaram que este último cenário teria menor impacto para o aquecimento global em virtude principalmente da contribuição das emissões evitadas pelo uso da energia elétrica oriunda do biogás e do composto orgânico da compostagem. O cenário de compostagem veio logo em seguida com um aumento de 2% nas emissões e o aterro sanitário despontou em primeiro lugar como principal contribuinte para o aquecimento global. Esta análise quantitativa permitiu compreender melhor os impactos das etapas de cada cenário e suas contribuições dentro do levantamento das emissões dos gases de efeito estufa.