Análise dos métodos moleculares para o diagnóstico da leishmaniose visceral humana: Uma revisão narrativa da literatura

Abstract

A Leishmaniose Visceral Humana (LVH) é causada por protozoários intracelulares obrigatórios do gênero Leishmania que, a depender da espécie, resulta em manifestações clínicas, tratamentos e prognósticos diferentes. Trata-se de uma doença tropical negligenciada e, por representar alta taxa de letalidade em humanos e ampla distribuição geográfica de transmissão vetorial, tornam-se necessários métodos de diagnóstico mais eficazes que auxiliem no bom prognóstico do paciente. A partir das ferramentas diagnósticas já empregadas, como exame parasitológico direto e métodos imunológicos, o diagnóstico molecular é considerado bastante promissor, pois são robustos e oferecem boa especificidade e sensibilidade. Desse modo, o objetivo deste estudo foi analisar as ferramentas para diagnóstico molecular da LVH a partir de uma revisão narrativa da literatura, discutindo variáveis como especificidade e sensibilidade, além da viabilidade diagnóstica. A metodologia foi estruturada a partir da construção de uma revisão narrativa da literatura, por meio da busca por estudos clínicos e experimentais em bases de dados (PubMed, Scielo e MEDLINE). Foram incluídos os estudos que expõem dados relacionados apenas à infecção na forma LVH e que foram publicados no período entre 2018 e 2023. Seis artigos foram selecionados, dos quais quatro realizaram a análise molecular pesquisando o DNA da espécie Leishmania infantum (Espanha, Brasil e Etiópia) e dois para Leishmania donovani (Bangladesh e Sudão). A principal ferramenta molecular empregada nos trabalhos foi o LAMP e alvo mais explorado na literatura foi a região 18S ribosomal, componente da pequena subunidade ribossômica eucariótica. Cinco artigos utilizaram o sangue periférico como principal amostra biológica para a realização dos ensaios moleculares e, apenas um, a urina. A sensibilidade e especificidade encontradas nos artigos variaram de 92-100% e 96-100%, respectivamente. Dessa forma, a utilização do LAMP na rotina precisa ser adaptada para a condição de campo, uma vez que ainda é necessária uma etapa prévia de extração do material genético.