Efeitos da perturbação antrópica crônica sobre a assembleia de aranhas do sub-bosque na caatinga nordestina

Abstract

A Caatinga é um ecossistema de grande importância ecológica, apresentando clima semiárido, intensas variações pluviométricas ao longo do ano e alta exposição solar, possuindo extensos períodos de seca. Apesar destas características, esse ecossistema possui grande biodiversidade na sua fauna e flora, com indivíduos bem adaptados às suas condições climáticas. Todavia, além das dificuldades naturais enfrentadas, ocorre o impacto negativo causado por interferências de pequena escala, podendo ser de grande constância, capazes de gerar impactos a longo prazo, denominadas perturbações antrópicas crônicas. Afetando na estrutura e densidade vegetal, bem como na riqueza de espécies presentes no ambiente. Dentre as espécies afetadas, destacam-se as aranhas que são artrópodes sensíveis às variações microclimáticas e predadores dominantes que atuam no equilíbrio ecológico dependendo da vegetação para sua sobrevivência. Diante disso, este trabalho tem como objetivo analisar a interferência de perturbações antrópicas crônicas sobre a assembleia de aranhas de sub bosque na Caatinga, avaliar diferentes níveis de perturbação na relação espécie-específica entre aranhas e plantas e observar a variação da fauna de aranhas diurnas e noturnas e sua atividade de forrageio sob o impacto do uso madeireiro. As aranhas foram coletadas pelo método de guarda-chuva entomológico em duas áreas com diferentes níveis de perturbação, uma área de Caatinga madura e uma área que foi submetida ao corte seletivo para uso de lenha. A coleta foi realizada em dois turnos distintos (diurno e noturno), e foi feita a identificação das espécies de plantas amostradas e aranhas coletadas. Os resultados obtidos mostraram que, ao contrário do esperado, a assembleia de plantas e as perturbações antrópicas crônicas não interferiram na interação planta-aranha. Houve baixa relação espécie-específica entre aranhas e plantas, apenas aranhas da morfoespécie Ero sp. mostraram relação com a espécie Pilosocereus pachycladus. Devido às condições favoráveis foi observado maior atividade de forrageio no período noturno.