Características clínicas e nutricionais de crianças com alergia alimentar atendidas ambulatorialmente

Abstract

A alergia alimentar (AA) é caracterizada como uma resposta imunológica anormal a uma proteína alimentar, fazendo com que sejam desencadeadas reações clínicas cada vez que aquele alimento seja ingerido, independentemente da quantidade consumida. As manifestações clínicas das AA costumam aparecer no primeiro ano de vida, decaindo após o terceiro. Por serem a base do tratamento nutricional, a exclusão do alimento causador da alergia é fundamental, entretanto, a longo prazo se realizado de forma inadequada pode desencadear problemas no estado nutricional das crianças, favorecendo o déficit energético protéico. Portanto o objetivo deste estudo é analisar o perfil clínico-nutricional de crianças com alergia alimentar atendidas ambulatorialmente. Estudo descritivo do tipo transversal, realizado no ambulatório de Alergia Alimentar do Hospital das Clínicas de Pernambuco. Participaram do estudo crianças de ambos os sexos, que fazem parte dos protocolos de atendimento do ambulatório de Alergia Alimentar. Foram excluídas crianças com diagnóstico de doenças inflamatórias intestinais, doenças autoimunes e doença celíaca. Os dados foram coletados a partir de informações dos prontuários e de entrevista com o responsável, tendo como auxílio um formulário semiestruturado no qual foram registrados dados clínicos, sociodemográficos, antropométricos e nutricionais. O programa utilizado para análise dos cálculos estatísticos foi SPSS na versão 20.0. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital das Clínicas, com o CAAE n. 42253920.3.0000.8807. Foram avaliadas quarenta e nove crianças, com mediana de idade de dezoito meses, 53,1% eram do sexo masculino, com predominância em nascidos de parto cesáreo (77,6%) e responsáveis com baixa escolaridade (83,7%). Quanto aos aspectos relacionados à alergia, a maioria das crianças apresentavam um dos pais com antecedentes de alergia (81,6%) e o alimento alérgico mais presente foi o leite de vaca (59,2%). Todas fizeram uso de leite materno, tendo 51% apresentado tempo de aleitamento materno exclusivo inferior a seis meses. 85,7% fizeram o uso de fórmula infantil, tendo 71,4% feito essa introdução antes dos seis meses. Em relação à alimentação complementar, 75,6% iniciaram após os seis meses. Quanto ao estado nutricional, observou-se predominância de eutrofia em todos os indicadores antropométricos avaliados, porém maiores valores de excesso de peso/obesidade quando comparados à desnutrição. No que se refere à associação entre o tipo de alergia e as variáveis clínico nutricionais, o grupo de alergia única apresentou maior número de inadequação nos indicadores de peso/estatura e IMC/idade. Foi observado que crianças com AA apresentaram maior prevalência de alergia a leite de vaca e ovo, a maioria nasceu de parto cesáreo, exibiram pais com antecedentes de alergia e a introdução precoce de fórmulas infantis. Além disso, foi verificada frequência importante de excesso de peso nas crianças avaliadas.