Caruaru no Face: as motivações disposicionais do repórter-amador e a apropriação dos gêneros jornalísticos.

Abstract

Este trabalho apresenta um estudo que caminha por dois sentidos que se complementam para entender fenômenos sociais contemporâneos, como os do repórter-amador e do webjornalismo. Dessa forma, analisa, por um lado, as motivações que levam um cidadão comum a desempenhar o papel de repórter-amador, revelando as disposições sociais que estimularam João Henrique da Silva, criador do Caruaru no Face, a produzir notícias mesmo sem ter formação acadêmica em jornalismo. E avalia, por outro lado, como os gêneros e as características do webjornalismo foram acionados, intuitivamente pelo repórter-amador no seu espaço autoral no Facebook, para dar formato às informações apuradas, alçando-as à condição de notícia a partir de critérios próprios e à revelia dos filtros impostos pelo campo do jornalismo. Para realizar a pesquisa do repórter-amador, foram utilizadas a teoria e a metodologia de uma sociologia à escala individual a partir dos estudos de Lahire (2002; 2004; 2006; 2010). Para observar o Caruaru no Face e o webjornalismo, houve o suporte teórico nos autores que estudam os gêneros do jornalismo dando destaque a Marques de Melo (2009) e Aronchi de Souza (2004), e os que tratam das características do webjornalismo como Canavilhas (2003), Mota e Palacios (2018), Reges (2011), Bradshaw (2014) e Pavlik (2014). Além disso, foi necessário trabalhar o conceito de notícia com o apoio de Traquina (2005) e Wolf (1999). Já metodologicamente, recorremos à netnografia com base em Kozinets (2010) e França, Silva, Felix (2016). Como resultado desta monografia, identificamos que as disposições sociais de João Henrique foram despertadas desde a infância para ele se transformar no que chamamos de repórter-amador. Mesmo sem ter formação acadêmica, ele se apropria intuitivamente dos gêneros do campo do jornalismo, mesclando os gêneros do impresso, da televisão e do webjornalismo.