Gestão de riscos de desastres associados aos eventos de chuvas : estudo e proposição

Abstract

A dinâmica da urbanização, acelerada pela expansão de áreas irregulares nas grandes cidades, sem critérios técnicos adequados, impulsionou a formação de núcleos desordenados em áreas geomorfologicamente frágeis ao uso urbano, com efeitos graves sobre a qualidade de vida de sua população. Na Região Metropolitana do Recife (RMR) as áreas de risco mais vulneráveis aos desastres decorrentes das chuvas são constituídas pelas áreas de morros íngremes, com adensamento populacional, aliada às condições sociais e econômicas. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a vulnerabilidade socioambiental e os impactos dos desastres decorrentes das chuvas na RMR. Para realização da pesquisa foram utilizados dados de precipitação pluviométrica mensal de 1961 a 2020 dos 15 municípios que compreendem a RMR, obtidos na Agência Pernambucana de Águas e Clima, dados de desastres (secas, estiagens, inundações, alagamentos, óbitos, entre outros) do Ministério da Integração Nacional e dados socioambientais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foi realizada a climatologia mensal da RMR, assim como a distribuição temporal da precipitação de 1961 a 2020. Utilizou-se a equação de risco Meira para determinar o índice de vulnerabilidade a desastre. Os resultados obtidos indicaram que, na análise da precipitação mensal, constatou-se que o trimestre maio-junho-julho, de forma geral, são os meses com os maiores registros de precipitação e com maiores ocorrências de desastres. O mapa de índice de vulnerabilidade da população revelou que os habitantes que residem nas áreas mais pobres dos municípios da RMR são especialmente a fração mais socialmente vulnerável da sociedade. Diagnosticou-se que os principais impactos socioeconômicos e ambientais decorrentes das chuvas constituem em danos humanos, estruturais/materiais e ambientais. Recomendou-se a implantação de sistema de alerta, que é relevante para mitigar a vulnerabilidade da população e os riscos a desastres, pautado nas seguintes medidas: 1) investimento em medidas de prevenção e preparação das comunidades sob áreas de risco de desastres; 2) mapeamento e monitoramento das áreas de risco; 3) a capacitação da população; 4) o serviço gratuito de envio de mensagens curtas por celulares a população; 5) o acionamento de sirenes com a saída imediata do imóvel; 6) a definição previamente dos locais seguros para as pessoas afetadas serem conduzidas; 7) a vistoria destes imóveis que foram evacuados 8) o cadastro das pessoas que devem receber o auxílio moradia e; 9) investimento do poder público em tecnologia para realizar o monitoramento da atmosfera e obter informações no curtíssimo prazo de tempo, sobretudo, quando a chuva atinge áreas habitadas propensas aos deslizamentos e alagamentos. É fundamental que os gestores públicos cuidem mais dos municípios que compõem a RMR e, principalmente da população, proporcionando ações afirmativas que primem por mais resiliência, acolhimento e inclusão.