Análise da qualidade da assistência pré-natal na atenção primária à saúde no município de João Pessoa/PB

Abstract

A qualidade da atenção pré-natal está associada a desfechos obstétricos desejáveis e à boa saúde do binômio mãe-filho, sendo sua avaliação importante na descoberta de resultados que possibilitem intervenções visando à melhoria dessa assistência. Nesse contexto, são observados alguns índices, entre eles, os índices de Kessner e APNCU, que visam avaliar o cuidado pré-natal. Entretanto os mais utilizados apresentam como componentes avaliativos apenas informações referentes à idade gestacional de início do pré-natal e número de consultas, o que não reflete na totalidade a qualidade do cuidado. Inserido nesta temática, o presente estudo objetivou avaliar a qualidade da assistência pré-natal no município de João Pessoa-PB e verificar se variáveis demográficas, socioeconômicas, reprodutivas, de morbidades maternas e, de cuidado pré-natal, foram possíveis fatores determinantes da adequação do pré-natal. Trata-se de um estudo transversal, com base em entrevistas com 130 profissionais das unidades de saúde da atenção primária e 1673 puérperas, no momento pós-parto, na maternidade. Para estas, as informações também foram coletadas a partir do Cartão da Gestante e dos prontuários. Neste estudo, a avaliação da atenção pré-natal se deu por meio do índice IPR pré-natal, que classifica o pré-natal em quatro categorias (adequado superior, adequado, intermediário e inadequado), a partir de critérios envolvendo estrutura, processo e resultados. A classificação do pré-natal foi dicotomizada (adequado, inadequado) e, por meio da regressão logística binária, com o cálculo do odds ratio e intervalo de confiança (IC95%), foram verificados os fatores associados ao desfecho, considerado aqui como: “pré-natal”. A assistência pré-natal no município de João Pessoa apresentou baixa prevalência de adequação, com aproximadamente 25%. A partir das análises, foi observado que o Distrito Sanitário onde a mulher foi assistida, a paridade, o aumento da renda per capita, a participação da mulher em atividades sistemáticas de educação em saúde, o seu atendimento pela equipe multiprofissional e a escolaridade, foram determinantes na adequação do pré-natal. Portanto, o estudo demonstrou que fatores como: acesso, iniquidades reprodutivas e econômicas, elementos educativos e multiprofissionalidade na assistência determinam o pré-natal adequado. Aspectos estes que devem ser levados em consideração no planejamento e desenvolvimento das ações voltadas para a saúde materno-infantil, especificamente no cuidado pré-natal da atenção primária à saúde.