Relação entre microplásticos e zooplâncton no atlântico sul tropical

Abstract

Microplásticos são o tipo de lixo predominante nos ecossistemas marinhos. O presente trabalho tem o objetivo de estimar a abundância, distribuição, composição e tamanho de microplásticos (MPs) e zooplâncton no Atlântico Equatorial Ocidental (AEO). Para isso, avaliou-se duas regiões: 1) Uma Área de Proteção Ambiental (APA), com influência de pluma estuarina e 2) A quebra da plataforma continental no Nordeste do Brasil. Na APA, a amostragem bimestral foi possível no âmbito do Programa Ecológico de Longa Duração Tamandaré Sustentável (PELD TAMS/PE), em períodos com distintos regimes pluviométricos, através de arrastos com rede de plâncton (64 μm). Na quebra da plataforma, as amostras foram obtidas no âmbito do Cruzeiro Científico SOS MAR, através de arrastos com rede Bongo (64 e 300 μm) em 18 estações oceanográficas. Potenciais microplásticos foram isolados das amostras, a matéria orgânica foi digerida e espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier (FT-IR) foi utilizada para identificar os tipos de polímeros. Avaliamos a importância da identificação polimérica, visto que pouco mais de 40% dos plásticos suspeitos eram realmente plásticos. Os resultados demonstram que a abundância de microplástico varia espacialmente e é alta em períodos de chuvas intensas em ambientes costeiros (53,8 ± 89,6 partículas/m3), confirmando a importância dos rios como fonte de microplásticos no oceano. A forma predominante na coluna de água são as fibras e os polímeros polipropileno, poliamida e poliuretano representaram mais de 60% de todos os MPs em regiões costeiras. Enquanto poliésteres (28,16%), polietileno de alta densidade (20,41%), e polipropileno foram mais abundantes na região da quebra da plataforma. Os MPs se sobrepõem em tamanho zooplâncton e estes organismos, além de planctívoros, são mais vulneráveis à exposição em períodos de alta pluviosidade. Também registramos maior vulnerabilidade ao encontro com MP no setor com alta influência da Corrente do Brasil, quando há importante contribuição de polipropileno para a abundância de MPs. Nossos resultados auxiliam no entendimento das reais concentrações de MPs em ambientes marinhos costeiros e oceânicos e que potencialmente são uma ameaça para a teia trófica marinha.