Investigação da atividade citotóxica de óleos essenciais obtidos de Cordia trichotoma em células tumorais

Abstract

O câncer representa um dos principais desafios de saúde pública global, caracterizando-se pelo crescimento descontrolado de células com potencial invasivo e metastático. No Brasil, estimam-se cerca de 704 mil novos casos para o triênio 2023–2025, com destaque para os cânceres de pele não melanoma e de mama. Embora as abordagens terapêuticas convencionais — como cirurgia, quimioterapia e radioterapia — sejam amplamente utilizadas, elas ainda apresentam limitações, incluindo efeitos colaterais severos e resistência celular, o que justifica a busca por novas estratégias terapêuticas. Nesse contexto, os produtos naturais, em especial os óleos essenciais de plantas medicinais, vêm sendo investigados como alternativas promissoras. Cordia trichotoma, espécie do gênero Cordia da família Boraginaceae, contém compostos bioativos como terpenoides, flavonoides e naftoquinonas, os quais possuem reconhecido potencial terapêutico. O presente estudo investigou o potencial citotóxico dos óleos essenciais obtidos de diferentes partes de C. trichotoma, extraídos por hidrodestilação e fornecidos pela Universidade Federal do Ceará. Foram utilizadas as linhagens tumorais HCT116 (cólon), H1299 (pulmão) e K562 (leucemia mielóide crônica). As análises de citotoxicidade foram realizadas por meio do ensaio de MTT, após 72 horas de exposição aos compostos. Em seguida, foi realizada a análise morfológica por coloração com May-Grünwald-Giemsa (MGG), finalizando com o teste de exclusão por azul de tripan. Os resultados demonstraram que o óleo essencial obtido do cerne (CTCE) apresentou a maior atividade citotóxica, com valores de IC₅₀ de 8,7 μg/mL para HCT116, 18,45 μg/mL para H1299 e 12,48 μg/mL para K562. Na linhagem HCT116, foi observada atividade citotóxica após 24 horas de exposição, com IC₅₀ de 17,07 μg/mL, e após 48 horas, com IC₅₀ de 17,32 μg/mL. A coloração por May-Grünwald-Giemsa, nas concentrações de 8,7 μg/mL e 17,4 μg/mL, evidenciou alterações morfológicas indicativas de citotoxicidade, como redução no número de células viáveis e alterações nucleares. A viabilidade celular também foi avaliada pelo teste de exclusão com azul de tripan, que confirmou a indução de morte celular pelo tratamento com CTCE na linhagem HCT116.