Paralisia cerebral e plasticidade do desenvolvimento : efeitos do tratamento neonatal com quercetina em ratos machos e fêmeas

Abstract

A paralisia cerebral (PC) compreende um grupo de distúrbios neuromusculoesqueléticos resultantes de lesão cerebral fetal ou infantil. A quercetina demonstrou propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e neuroprotetoras em doenças neurológicas. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos do tratamento neonatal com quercetina no desenvolvimento motor, integridade neuronal e inflamação no cerebelo de ratos submetidos à PC experimental. O modelo de PC foi induzido por anoxia pós-natal (P0 e P1) e restrição sensório-motora dos membros posteriores (P2 a P28). A quercetina (10 mg/kg) foi administrada intraperitonealmente de P2 a P22. Os animais foram analisados quanto ao crescimento somático; ontogênese reflexa; força muscular; coordenação motora; atividade locomotora e marcha em CatWalk; peso do músculo sóleo, integridade neuronal e inflamação no cerebelo. A PC experimental, independentemente do sexo, restringiu o ganho de peso corporal, o crescimento somático, o peso do músculo sóleo, a força muscular, a coordenação motora, a atividade locomotora e o desenvolvimento da marcha, e promoveu aumento da neuroinflamação no cerebelo. O tratamento neonatal com quercetina foi positivo no modelo de PC em machos, favorecendo o ganho de peso corporal, reduzindo o atraso na maturação de reflexos primitivos, aumentando a força muscular, melhorando a capacidade exploratória em campo aberto, diminuindo o tempo na fase de balanço durante a marcha e reduzindo a expressão de TNF-α no cerebelo. Em fêmeas, a quercetina teve efeito protetor ao estimular o crescimento somático, favorecendo a regularidade dos passos durante a marcha e prevenindo a integridade neuronal no cerebelo de animais com PC. Este estudo original apresenta dados relevantes sobre a maior vulnerabilidade dos machos em comparação às fêmeas, bem como o papel protetor da quercetina em ambos os sexos no desenvolvimento motor e na neuroinflamação na PC.