Aderência e performance das rotinas organizacionais nas contratações emergenciais da UFPE

Abstract

A pesquisa investiga como a aderência e a performance das rotinas organizacionais influenciam a recorrência de contratações emergenciais na Universidade Federal de Pernambuco, tema motivado por fragilidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União em acórdão que examinou dispensas e contratos emergenciais na instituição. Os achados preliminares do levantamento documental identificaram trinta e sete contratos continuados celebrados entre 2019 e 2023, cujos valores somados superam oitenta milhões de reais, evidenciando a materialidade do problema. O objetivo geral é investigar a performação das práticas de gestão das contratações adotadas pela Universidade Federal de Pernambuco; como objetivos específicos, examinar procedimentos formais e informais, explorar percepções de dirigentes sobre a performance em contratações emergenciais e identificar pontos de ineficiência e práticas informais que contribuem para a repetição de emergências. A metodologia é qualitativa, de natureza aplicada e orientação construtivista, com caráter descritivo e meios documentais; articula análise documental de conteúdo e entrevistas semiestruturadas para captar significados, rotinas e variações performativas. O lócus abrange trinta e sete contratações diretas por dispensa de licitação, relativas a terceirização de mão de obra, no período de 2019 a 2023, mapeadas no Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos; o corpus inclui vinte e dois representantes de seis unidades administrativas envolvidos no planejamento, instrução e decisão dos processos. Os resultados mostram uso recorrente de dispensas em razão de falhas de planejamento e prazos exíguos, bem como desalinhamento entre rotinas ostensivas e práticas efetivamente executadas, com adaptações, desvios e soluções pragmáticas que reforçam a reatividade institucional. Em contextos regidos por legalidade e razoabilidade, a ausência de pressões idiossincráticas desloca a variação para artefatos e ambiente, explicando a emergência como padrão de gestão. Conclui-se que fortalecer o planejamento, a governança e a aderência aos artefatos organizacionais é condição para reduzir a dependência de contratações emergenciais, elevar a eficiência e assegurar maior transparência e economicidade na aplicação de recursos públicos.