Estudo da viabilidade técnica e econômica de um parque eólico offshore para a ilha de Fernando de Noronha com base no LCOE

Abstract

Este estudo avalia a viabilidade técnico-econômica da geração eólica offshore como plataformas flutuantes semissubmersíveis para o suprimento energético do Arquipélago de Fernando de Noronha, atualmente dependente de geradores a diesel. Foram analisados dois cenários: (i) uma usina com turbina de 3 MW e (ii) usina com duas turbinas de 3 MW, utilizando como métrica da viabilidade econômica o Custo Nivelado de Energia (LCOE). A área de estudo compreende a região delimitada pelas latitudes 3,56°S e 4,31°S e pelas longitudes 32,89°O e 31,89°O. Essa área foi dividida em 20 estações, cada uma representando a posição de uma planta eólica offshore. Dentre elas, uma está localizada no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, outra na Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha, e as demais situam-se fora de áreas protegidas. Os resultados indicam que uma turbina pode atender, em média, 75% da demanda anual da ilha, enquanto duas turbinas geram excedente, suprindo até 150% da demanda anual. O LCOE estimado variou entre US$ 0,21/kWh e US$ 0,46/kWh (uma turbina) e entre US$ 0,29/kWh e US$ 0,65/kWh (duas turbinas), com menores valores em áreas próximas à costa e de menor profundidade, situadas dentro do Parque Nacional Marinho. Os maiores custos considerados dentro da análise estão associados à subestação flutuante, à estrutura semissubmersível e à instalação do sistema de exportação de energia. Em comparação com o custo estimado da geração de energia elétrica a diesel em Fernando de Noronha, de aproximadamente US$0,37/kWh, no cenário com uma turbina, cinco estações apresentaram custo de energia menor ou igual, enquanto no cenário com duas turbinas apenas uma estação registrou valor inferior. Em relação a estudos internacionais, os valores obtidos neste trabalho foram mais elevados, resultado de fatores como a distância até o porto de apoio offshore mais próximo (370 km), localizado no continente, o regime de ventos moderado (7–8 m/s), a inexistência de turbinas eólicas comerciais de grande porte projetadas para operar na velocidade média local e a utilização de dados econômicos provenientes da indústria norte-americana. Porém, o sistema proposto poderia reduzir em até 80,93% as emissões de CO₂ associadas à geração elétrica da ilha.