Caracterização faciológica da Formação Pimenteira/Itaim, principal gerador de gás da Bacia do Parnaíba na região de Picos/PI

Abstract

A Bacia do Parnaíba é caracterizada por uma extensa e complexa história geológica, preenchida por rochas paleozoicas e mesozoicas, que abrange cerca de 3.500 m no depocentro, cortadas por rochas ígneas intrusivas e extrusivas relacionadas a eventos magmáticos. A Bacia Paleozoica do Parnaíba abrange uma área de aproximadamente 600.000 km2 na região Nordeste do Brasil, ocupando parte dos estados do Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará, Ceará e Bahia. A Supersequência Mesodevoniana- Eocarbonífera perfaz quase toda a superfície dessa bacia, mas seus afloramentos dispõem-se principalmente na porção leste, onde estão situados as principais ocorrências fossilíferas registradas para esse período e, também, na porção sudeste do seu território. O evento de inundações ocorrido no referido período na Bacia do Parnaíba iniciou um ciclo transgressivo/regressivo de idades Eoefeliana e Eogivetiana, que compreende toda extensão da Formação Itaim, a porção basal e média da Formação Pimenteira e a base da Formação Cabeças. Este trabalho tem como objetivo realizar o mapeamento geológico na região do município de Picos/PI, promovendo uma análise estratigráfica e faciológica do sistema petrolífero Itaim, Pimenteira e Cabeças na borda leste da Bacia do Parnaíba. A Formação Itaim é constituida predominantemente de arenitos finos a muito finos com estratificação cruzada hummocky e tabular, folhelhos e siltitos. A Formação Pimenteira consiste em arenitos finos com estratificação cruzada sigmoidal e tabular, além de folhelhos heterolíticos, siltitos e lentes ferruginosas. O contato com a Formação Itaim é feito a partir de uma superfície de inundação máxima, representada pela passagem do arenito fino com hummockys de grande porte para os siltitos amarelados da Formação Pimenteira. O contato com a Formação Cabeças, sobrejacente, ocorre a partir da interdigitação dos arenitos tabulares de granulação média, da Formação Cabeças, com os folhelhos heterolíticos laminados que ocorrem no topo do Membro Passagem. A Formação Cabeças é constituída por pacotes de arenito grosso com estratificação cruzada acanalada, por vezes maciço, com poucas marcas de onda. Para a sucessão do Devoniano Inferior ao Médio da Bacia do Parnaíba, a análise estratigráfica levou ao reconhecimento de dezesseis fácies sedimentares, individualizadas em seis sequências deposicionais e duas superfícies de inundação máxima. A análise e associação de fácies das formações Jaicós, Itaim, Pimenteira e Cabeças indicam que os sedimentos foram depositados desde um ambiente transicional a partir de canais fluviais de alta energia, com contribuição deltaica, até a plataforma rasa dominada por ondas de tempestades sob variações climáticas que mudavam constantemente a linha de base de ação das ondas.