Níveis de vitamina B12, aspectos cognitivos e a coordenação motora grossa em crianças

Abstract

O processo complexo do neurodesenvolvimento exige a interação entre vários fatores, sendo essencial o equilíbrio entre a concentração de macronutrientes e micronutrientes vitais. Nessa perspectiva, a vitamina B12 desempenha uma função essencial como coenzima em diversos processos bioquímicos fundamentais para a saúde do sistema nervoso, em especifico, na síntese da mielina. A ingestão inadequada de alimentos ricos em vitamina B12, como carne, ovos, peixes e leite, é a principal causa dessa deficiência. A redução nos níveis dessa vitamina está sendo associada aos desempenhos cognitivo e motor prejudicados em crianças em idade escolar. Assim, este estudo tem o objetivo de investigar as correlações entre os níveis de vitamina B12 e fatores nutricionais, cognitivos e motores em crianças de escolas públicas. Trata-se de um estudo transversal, que foi desenvolvido nas escolas públicas do município da Vitória de Santo Antão- PE com crianças de 5 a 9 anos. Os escolares foram submetidos à realização de medidas antropométricas, questionário de frequência alimentar, coleta de sangue, teste de coordenação motora grossa e triagem da presença sugestiva de alterações cognitivas. Foram avaliadas 124 crianças, com idade média de 6,8 (± 1,3) anos. De acordo com o estado nutricional, observou-se que 26 (21%) crianças foram classificadas como magreza, 65 (52,4%) como eutrófica e 33 (26,6%) como sobrepeso ou obesidade. Nas análises de correlação entre os níveis de vitamina B12 e as variáveis estudadas, observou-se uma correlação positiva entre a renda (r=0,209, p=0,026), a pontuação total do Mine exame do estado mental (MEEM) (r = 0,250, p = 0,043), o domínio da linguagem do MEEM (r = 0,319, p = 0,009), o colesterol HDL (r = 0,181, p = 0,046) e a contagem de plaquetas (r = 0,269, p = 0,004). Conclui-se que, os níveis de vitamina B12 estão positivamente correlacionados a fatores socioeconômicos, aspectos cognitivos e marcadores bioquímicos, mas não apresentam relação com o estado nutricional ou coordenação motora grossa de crianças entre 5 e 9 anos.