Interações entre besouros rola-bosta e primatas não humanos : Uma revisão integrativa

Abstract

As interações entre besouros rola-bosta e mamíferos, em especial os primatas, desempenham um papel ecológico relevante, contribuindo para processos como a dispersão de sementes e o equilíbrio dos ecossistemas. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo compilar informações sobre as interações ecológicas entre primatas não humanos e besouros rola-bosta, por meio de uma revisão bibliográfica integrativa, fornecendo uma visão abrangente do estado atual da pesquisa e evidenciando as lacunas existentes nesse campo. Para isso, foi elaborado um levantamento bibliográfico integrativo em bases de dados internacionais e nacionais, sem restrição de período ou idioma, seguido de triagem e análise dos estudos selecionados. Os critérios de busca utilizaram palavras-chave organizadas em grupos temáticos, como: "primatas", "besouros rola-bosta", "dispersão de sementes", "defaunação", "preferência alimentar" e "interações ecológicas". Ao final, 45 artigos atenderam aos critérios de inclusão, permitindo uma análise abrangente sobre os aspectos temáticos dessas interações. Os resultados indicam um crescimento progressivo das pesquisas nas últimas décadas, com destaque para estudos na América do Sul e Ásia, além de evidenciar a predominância dos temas relacionados à dispersão secundária de sementes e à atratividade dos besouros pelas fezes de primatas. Foram identificadas 292 espécies de besouros rola-bosta, associadas a 35 espécies de primatas de diferentes regiões do planeta. Apesar dos avanços, as análises revelaram lacunas significativas de informações, como a baixa representatividade da ciência local em alguns países e a sub-representação de regiões da África e do Sudeste Asiático, que, embora abriguem elevada diversidade de primatas e besouros rola-bosta, ainda carecem de estudos. Conclui-se que as interações entre rola-bostas e primatas representam um elo essencial para o funcionamento dos ecossistemas tropicais e que o fortalecimento das pesquisas, sobretudo em regiões sub-exploradas, é crucial para subsidiar estratégias de conservação. Futuramente, o estímulo à pesquisa local poderá aprofundar o entendimento dessas associações e contribuir para a resiliência e conservação dos ambientes florestais.