Gestão das ações de alimentação e nutrição para o cuidado de pessoas com obesidade em municípios de Pernambuco: projeto - ECOASUS-PE

Abstract

A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), importante política pública na área de alimentação e nutrição no Brasil, traz a obesidade como um dos maiores desafios para o contexto da saúde coletiva. As ações para prevenção e cuidado dos indivíduos com obesidade podem e devem ser realizadas no âmbito da Atenção Básica em Saúde (ABS), por meio de estratégias efetivas, abordagens inovadoras adequadas ao contexto e atenção integral ao usuário. Este estudo tem como objetivo analisar a gestão das ações de alimentação e nutrição voltadas ao cuidado de pessoas com obesidade na ótica de gestores da ABS de municípios

localizados no estado de Pernambuco. Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo- exploratório, realizado no período de julho a setembro de 2021. Faz parte do estudo “Processos

Formativos Para o Enfrentamento e Cuidado da Obesidade no Âmbito do SUS em Pernambuco – ECOASUSPE”, e a amostra foi composta por 59 gestores/coordenadores responsáveis pela Área Técnica de Alimentação e Nutrição da gestão municipal. Para análise da organização da atenção nutricional e da gestão das ações de alimentação e nutrição dos municípios integrantes do estudo, foi utilizado instrumento pré-elaborado pelo Ministério da Saúde, composto por questionário eletrônico semiestruturado e autoaplicável dirigido aos gestores municipais da PNAN. A base de dados formada, foi construída por meio do software Excel e analisada por meio de frequências simples, utilizando-se o software Statistical Package for Social Science (SSPS), versão 13.0 for Windows. Os resultados mostraram que 34% dos municípios fazem parte da área do Agreste, 31% do Sertão, 25% da Zona da Mata e 10% da Região Metropolitana do Recife (RMR). Os cargos da gestão das ações de alimentação e nutrição estavam ocupados por mulheres (81,4%), enfermeiras (66,1%), pretas/pardas/indígenas (55,9%). Dentre os municípios avaliados, 57,6% não possuíam coordenação para gerenciamento das ações de alimentação e nutrição na Secretaria Municipal de Saúde. Por outro lado, 44% dos municípios apontaram que realizam ações de alimentação e nutrição de forma intersetorial com as secretarias de Assistência Social (87,8%), Educação (85,7%) e Segurança Alimentar (71,4%). A caracterização da gestão financeira e orçamentária da área técnica de alimentação e nutrição mostrou que 64,4% dos municípios não participam do planejamento e do acompanhamento da gestão dessa atividade e não promovem reuniões com a área responsável pelo orçamento (59,3%). Os resultados demonstram a necessidade de fortalecimento da organização do processo de trabalho, planejamento, execução e avaliação das ações de alimentação e nutrição na ABS, além do fomento a articulação intersetorial e gestão orçamentária e financeira. Para além dessas questões, implementar em cada município, a Política Municipal de Alimentação e Nutrição, parece ser uma estratégia assertiva para o enfrentamento da obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis.