Estimativa do nível econômico de perdas de água nos sistemas de abastecimento de água do estado de Pernambuco, Brasil

Abstract

A gestão eficiente dos sistemas de abastecimento de água é um desafio crescente frente aos impactos das mudanças climáticas, ao aumento da demanda e à limitação dos recursos hídricos. Entre os principais entraves à sustentabilidade financeira e ambiental do setor estão as perdas de água, que comprometem a eficiência operacional e elevam os custos de produção, distribuição e manutenção. Este estudo teve como objetivo principal determinar o Nível Econômico de Perdas de água (NEP), reais e aparentes, nas mesorregiões de Pernambuco, identificando o ponto de equilíbrio entre os custos das intervenções para redução de perdas e os benefícios econômicos obtidos. A metodologia combinou o método de Wyatt, para a quantificação do NEP, com análise estatística utilizando o teste ANOVA, para identificar variações significativas entre as mesorregiões. Dados operacionais e financeiros da concessionária local foram analisados em conjunto com variáveis regionais, como características demográficas. Os resultados apontaram uma redução contínua no índice de perdas na distribuição (IN049) durante o período de 2018 a 2022. No entanto, os índices de perdas permanecem significativamente superiores ao NEP, que teve a média do estado variando de 20,72% a 22,58% ao longo do período. A Região Metropolitana do Recife apresentou o menor NEP, enquanto a Zona da Mata registrou o maior, evidenciando disparidades regionais. Os resultados do teste ANOVA revelam que, embora não houvesse diferenças estatisticamente significativas entre as médias gerais das mesorregiões para o NEP e o IN049, foram identificadas variações significativas entre o Agreste e Sertão (valor-p = 0,0113) e a Zona da Mata e São Francisco (valor-p = 0,0148). Essas disparidades reforçam a importância de estratégias regionais específicas, considerando condições climáticas, infraestrutura e práticas operacionais locais. Embora a concessionária tenha alcançado avanços relevantes nos últimos anos, os resultados destacam a necessidade de intensificar as ações de controle de perdas de água. Investimentos contínuos em tecnologias de monitoramento, controle de perdas e reabilitação de redes de distribuição são essenciais para otimizar o fornecimento e garantir a sustentabilidade dos sistemas de abastecimento pernambucanos.