Avaliação da bioatividade in vitro e in vivo do óleo essencial de Eugenia brejoensis (MAZINE) frente a isolados clínicos multidroga-resistentes provenientes de pacientes com COVID-19

Abstract

A pandemia de COVID-19 impactou gravemente a saúde, a economia e a sociedade, além de aumentar a vulnerabilidade a infecções secundárias, agravando os desfechos clínicos. O uso excessivo de antimicrobianos impulsionou a Resistência Antimicrobiana (RAM), favorecendo a disseminação de superbactérias. Nesse contexto, plantas medicinais, como Eugenia brejoensis (Mazine), surgem como alternativas promissoras devido às suas propriedades antimicrobianas. Este estudo teve como objetivo avaliar o potencial bioativo do Óleo Essencial de Eugenia brejoensis (EOEb) contra isolados clínicos de Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa Multidroga-Resistente (MDR) obtidos de pacientes com COVID-19, bem como analisar sua toxicidade e impacto na sobrevivência de Tenebrio molitor. O EOEb foi extraído por hidrodestilação, caracterizado e quantificado por Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas e Detector de Ionização de Chama (GC/MS / CG/FID), enquanto os microrganismos foram caracterizados molecularmente pelo Matrix-Assisted Laser Desorption/Ionization Time-of-Flight (MALD-ITOF MS) e analisado seu perfil de resistência pelo sistema automatizado Vitek® 2 Compact. A Concentração Inibitória Mínima (MIC) do OEEb foi determinada através de testes de microdiluição em caldo e a Concentração Bactericida Mínima (CBM) através de uma subcultura em meio sólido. Adicionalmente, a formação e a inibição do biofilme foram quantificadas pelo método do cristal violeta, assim como o efeito modulatório do EOEb em combinação com ciprofloxacino e gentamicina através do ensaio de checkerboard. Por fim, a toxicidade do OEEb e a taxa de sobrevivência após infecção com os isolados foram avaliadas utilizando o modelo in vivo de T. molitor. A caracterização do OEOb identificou o rosifolol como composto majoritário (16,47%), seguido do Guaiol (12.69%) e (E)- Caryophyllene (11.97%). Os isolados bacterianos foram classificados MDR, fortes formadoras de biofilme e apresentaram CIM e CBM em concentrações que variaram de 0,512 a 4,096 mg/mL para ambas as espécies. Os dados revelaram que o OEEb foi capaz de inibir a formação de biofilme numa concentração que variou de 0,256 a 4,096 mg/mL e foi capaz de atuar sinergicamente com os antibióticos: ciprofloxacino para espécie A. baumannii e gentamicina para a espécie P. aeruginosa, apresentando Índice de Concentração Inibitória Fracionada (FIC Index) próximo de 0,5. Adicionalmente foi verificado que o EOEb demonstrou toxicidade reduzida em T. molitor com sobrevida média de 70%. Esses dados sugerem que o EOEb possui compostos promissores para o desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas no tratamento de infecções causadas por A. baumannii e P. aeruginosa.