Aproveitamento de cinzas de algaroba geradas nas lavanderias de jeans do APL de confecções de Pernambuco para produção de tijolos solo-cimento

Abstract

A queima de algaroba para aquecer as caldeiras no APL de confecções do Agreste Pernambucano é uma prática comum na região, sendo responsável pela formação de grande quantidade de cinzas. A destinação deste resíduo em aterros é dispendiosa, sendo sua destinação geralmente em terrenos baldios ou coletado por agricultores para correção empírica do solo. Neste estudo, as cinzas de algaroba foram utilizadas para fabricação de tijolos de solo-cimento, utilizando solo do município de Caruaru e cimento Portland CPV–ARI. Os tijolos de solo-cimento (TSC) foram produzidos por prensagem uniaxial da mistura dos componentes da formulação (solo, cimento, água e cinzas de algaroba), com fator cimento: solo 1:6, variando-se o percentual da substituição da massa do solo pelo resíduo da cinza de algaroba na mistura em 0%, 5%, 10%, 20%, 35% e 50%. As cinzas de algaroba foram caracterizadas por massa específica, granulometria, FTIR, FRX, DRX, TGA/DTA e MEV. Foram realizadas análises de desempenho tecnológico (resistência à compressão, absorção de água e densidade), análise microestrutural (DRX, FTIR e MEV) e estudo de durabilidade nos TSC. A ferramenta estatística ANOVA foi empregada para avaliar o efeito do percentual de cinzas de algaroba nas propriedades dos tijolos produzidos. De acordo com os resultados de resistência à compressão e absorção de água, foi possível substituir o solo por cinzas de algaroba nos percentuais 5%, 10%, 20% e 35%. A incorporação de 50% de cinzas de algaroba resulta em desempenho inferior ao observado para os tijolos de solo-cimento de referência e aos valores estabelecidos por norma. Os tijolos TSC 5%, TSC 10% e TSC 20% e TSC 35% exibiram um aumento gradativo nas suas propriedades, com destaque para TSC 20% e TSC 35% que apresentaram os melhores desempenhos nos ensaios realizados. Estes resultados indicam que é possível aproveitar as cinzas de algaroba para produção de TSC até 20% de substituição. Conclui-se que esta tecnologia permite aproveitar as cinzas de algaroba de forma simples e barata para produção de tijolos que podem ser utilizados nas pequenas obras na própria lavanderia e reduz o impacto ambiental relacionado ao seu descarte indevido.