Indicadores do status do estoque, idade, crescimento e reprodução da Scomberomorus brasiliensis (Scombriformes: Scombridae) na costa Nordeste do Brasil

Abstract

Estudos de crescimento, idade, e reprodução de peixes ósseos, são reconhecidos como fundamentais para a avaliação e gestão da pesca. Contribuem dessa forma na compreensão da dinâmica populacional em resposta à atividade pesqueira, principal fator que limita a exploração dos estoques. As distribuições de frequência de comprimento, indicadores de exploração e seletividade das artes de pesca indicaram os efeitos da sobrepesca na estrutura de tamanho do estoque da Scomberomorus brasiliensis, com retirada excessiva de reprodutores, e redução do número de adultos maiores que 60 cm nas capturas. Além disso, a seletividade das artes de pesca mudou, com redução do tamanho de primeira captura na malha de 40 mm. Tais características indicam que a espécie é explorada de forma insustentável na área de estudo e sugerem tanto a sobrepesca de crescimento quanto de recrutamento. Quando analisados os parâmetros de reprodução, foi verificado que a proporção sexual demonstrou diferença significativa nos meses de fevereiro, abril, junho e novembro. As fêmeas crescem mais que os machos, mas ambos possuem crescimento isométrico expresso pela função: WT=0.0089*LF2.9613 para fêmeas, e WT=0.0158*LF2.8058 para os machos. O comprimento médio de primeira maturidade sexual estimado para as fêmeas foi de 31.37 cm e o dos machos 27.46 cm. O período de desova mais intenso para fêmeas ocorre de dezembro a junho. A fecundidade por lote variou de 125650 a 886297 ovócitos (média= 272333.20 ±147251.29) para fêmeas capazes de reproduzir de 550 a 1650 gramas (média= 833.96 ± 257.39), possuindo relação positiva com o peso total, e realizando desovas múltiplas. Para a análise de idade e crescimento foi feito uso da combinação de microestruturas e macroestruturas no otólito sagitta. A variação da contagem das microestruturas foi de 213-640 (possivelmente de deposição diária), que equivalem a 0.58-1.75 anos. Com a confirmação da periodicidade anual das macroestruturas, com fevereiro correspondendo ao mês de formação do anel, as macroestruturas contabilizadas variaram de 2-12 anos. Os dados de idade e comprimento foram testados para diferentes modelos de crescimento, e o com melhor ajuste aos dados foi o de von Bertalanffy, como os parâmetros de crescimento para machos e fêmeas não apresentaram diferença, a curva foi estimada com os dados agrupados, com os parâmetros: L∞= 77.87 cm; k= 0.15 ano-1, t0= -0.51 anos. A estrutura etária da amostra total variou de 0.37-16 anos. A idade de primeira maturação para fêmeas e machos corresponde respectivamente a 2.93 anos e 2.39 anos, com a idade do recrutamento pesqueiro equivalendo a 5.24 anos. Dessa forma, pode-se dizer que as modificações nos comprimentos de captura, juntamente com a retirada excessiva de indivíduos antes de atingiram o comprimento ótimo de captura e dos grandes reprodutores no Nordeste do Brasil, podem já estar demonstrando seus efeitos sobre aspectos da reprodução e crescimento da espécie, levando a uma maturação precoce, que possibilita a espécie alcançar idades superiores em comprimentos menores. É necessário a implementação de medidas de gestão que regularizem como medida inicial o tamanho mínimo de captura.