O ensino de compreensão de textos na coleção “Tecendo linguagens” : um estudo da obra de Língua Portuguesa mais adotada nos anos finais do Ensino Fundamental no PNLD-2020

Abstract

Esta tese objetivou compreender o modo como a coleção “Tecendo Linguagens” de Língua Portuguesa do 6o ao 9o ano do Ensino Fundamental, ano 2018, trata a compreensão de textos em suas propostas de atividades de leitura. A investigação optou pela perspectiva da Pesquisa Documental e da Análise de Conteúdo Temática. Para tanto, primeiro, analisamos as proposições da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino de leitura nos anos finais do Ensino Fundamental, consequentemente, as suas implicações para a compreensão de textos. Tal escolha se justificou pela influência exercida pela BNCC na construção dos currículos e dos livros didáticos na atualidade. Segundo, analisamos o Edital do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), visto que sua avaliação exigiu adesão à BNCC. Terceiro, refletimos acerca da resenha do Guia do PNLD para a coleção Tecendo Linguagens (6o ao 9o ano), buscando compreender como interpretou as informações constantes no Edital do PNLD quanto à compreensão de textos. Também analisamos as questões de compreensão de textos presentes nos LDLP da coleção Tecendo Linguagens, assim como, as orientações para o ensino de leitura no Manual do Professor dessa obra. Como resultados, iniciando pela BNCC, percebemos que embora a Base afirme se fundamentar em uma concepção de linguagem dialógica interacionista, ainda existem equívocos na construção de seu texto. Oscilando entre as três (03) concepções de linguagem: a dialógica interacionista, a instrumento de comunicação e a expressão do pensamento- com predominância para a dialógica interacionista. Quanto ao Edital do PNLD, percebemos que ele busca seguir rigorosamente as prescrições da BNCC. Se tratando do Guia, percebemos que ele apresenta um check-list das proposições da BNCC para o trabalho com a leitura. O Guia concluiu que a obra se fundamenta a partir da perspectiva interacionista de língua. Ademais, a obra é portadora de uma multiplicidade de gêneros textuais que exploram as competências e as habilidades da Base. Também buscamos perceber o modo como a Coleção Tecendo Linguagens tratou as questões de compreensão em suas atividades de leitura. A partir de Rosa e Brandão (2010), construímos as seguintes categorias de análise: ativação prévia; pergunta literal ou de localização de informações; inferencial; subjetiva; extrapolação do texto; e análise linguística. Assim, obtivemos o total de 3.319 atividades de compreensão de textos nos livros da coleção (6o ao 9o ano). As perguntas literais ou de localização de informações apresentaram o maior quantitativo com percentual de 35% (1.162). As de natureza subjetiva alcançaram o 2o lugar no geral, com percentual de 31% (1.043). As de natureza inferencial ficaram em 3o lugar com o percentual total de 18% (610). As de análise linguística ocupam a 4a posição geral nas atividades de compreensão exploradas na coleção com 8% (273) das perguntas. As de extrapolação do texto ocupam o 5o lugar geral com um percentual de 7% (214) das questões. Em 6o lugar, tivemos ativação com 1% (34). De modo geral, notamos uma maior preocupação da coleção com perguntas de natureza literal ou de localização de informações, seguida das subjetivas e depois das inferenciais. Tal sequência coloca em cheque aquilo que foi posto no Manual do Professor quando se refere que o intento da obra é a formação de leitores críticos, consequentemente, da Base, visto que ela embasa a construção dos livros didáticos na atualidade. Observamos que do total de 3.319 perguntas de compreensão de textos presentes na coleção, o ano que mais se destacou foi o 7o com 1.067, representando 32,1% do total, seguido do 8o ano com 800 (24,1%), do 6o ano com 786 (23,7%) e, por último, o 9o ano com 666 (20,1%) perguntas. Em síntese, esta pesquisa nos possibilitou perceber que a compreensão de textos nos LDLP ora atende as inovações teóricas, ora se revela conservadora, essa tendência também é replicada nos discursos oficiais.