Prescrição baseada em biomarcadores para estimulação magnética transcraniana personalizada na melhora da independência funcional de pacientes pós-AVC com comprometimento de membro superior

Abstract

A estimulação magnética transcraniana repetitiva (rTMS, do inglês repetitive transcranial magnetic stimulation) tem sido estudada como um recurso para impulsionar os ganhos funcionais no processo de reabilitação do membro superior após acidente vascular cerebral (AVC). No entanto, apesar de seu potencial terapêutico, a variabilidade dos resultados observados nos estudos indica a necessidade de uma prescrição mais assertiva. Nesse contexto, é possível que a prescrição de protocolos de rTMS baseada em biomarcadores clínicos e fisiológicos possam otimizar a eficácia da rTMS, garantindo uma abordagem mais direcionada e eficiente para a reabilitação do membro superior pós-AVC. Assim, o objetivo deste estudo foi comparar os efeitos de dois protocolos de rTMS (protocolo padrão e protocolo personalizado) associados à fisioterapia sobre a função motora e independência funcional de pacientes pós-AVC crônico com comprometimento motor de membro superior. Para isso, foi feito um ensaio clínico controlado, randomizado e triplo-cego. Os pacientes realizaram 10 sessões de rTMS seguidas de fisioterapia voltada para o membro superior. Os pacientes foram alocados em dois grupos. O grupo s-rTMS foi submetido ao protocolo padrão de rTMS recomendado pela Sociedade de Neurofisiologia Europeia, baixa frequência no hemisfério não lesionado. O grupo p-rTMS foi submetido a um protocolo personalizado guiado por biomarcadores. Todos os pacientes foram avaliados antes e após 10 sessões de intervenção quanto à função motora com a escala Fugl-Meyer para membro superior (EFM-MS) e quanto à independência funcional com a medida de independência funcional (MIF). Foram encontradas diferenças significativas entre os grupos quanto à função motora de acordo com a EFM-MS-total (s-rTMS [Diferença média ± DP]: 4,9 ± 1,4; p-rTMS: 11,8 ± 2,8; p < 0.001) e EFM-MS-motor (s-rTMS: 4,4 ± 1,3; p-rTMS: 10,7 ± 3,0; p < 0.001) e os tamanhos de efeito foram maiores para o grupo p-rTMS. Não foram encontradas diferenças significativas para os outros desfechos, no entanto, os tamanhos de efeito para EFM-MS-coordenação, MIF-motor e MIF-total foram maiores no grupo p-rTMS. Desse modo, os resultados encontrados indicam que o protocolo personalizado é superior na melhora da função motora em pacientes pós-AVC, em comparação ao protocolo padrão.