A influência do sexo, gênero, idade e raça do paciente na decisão terapêutica dos estudantes de odontologia.

Abstract

O artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, define que todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe e à sua família, saúde e bem-estar, incluindo cuidados médicos. Com isso, depreende-se que um indivíduo não deve esperar receber um padrão inferior de cuidados devido a sua raça, idade, identidade de gênero, sexualidade, credo religioso ou qualquer outra característica que não seja relevante a manutenção de sua saúde. Entretanto, estudos revelam que o processo de tomada de decisão de profissionais de odontologia costuma envolver critérios subjetivos que podem levar a elaboração e execução de um plano de tratamento inferior. No entanto, existem poucos achados na literatura que avaliam esse processo de decisão envolvendo estudantes de odontologia e por qual motivo isso acontece. Nesse sentido, o presente estudo tem por objetivo constatar na literatura a influência do sexo, identidade de gênero, idade e raça do paciente na decisão terapêutica dos graduandos de odontologia e sua correlação com a grade curricular do curso. Com isso, foi realizada uma revisão narrativa da literatura utilizando as bases de dados PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), tendo como critérios de inclusão artigos originais em inglês e português. Diante disso, depreende-se que através da metodologia de ensino nos cursos de odontologia e consequentemente a ausência de disciplinas de cunho social e histórico, esses alunos ao serem confrontados com pacientes negros, as suas tomadas de decisões não são influenciadas por esse fator, no entanto, quando esses estudantes estão diante da busca pelo não êxito de um tratamento realizado, há uma maior responsabilização desse insucesso para o paciente negro comparado aos seus pares. Em relação ao etarismo, mesmo com resultados satisfatórios afirmando que a idade não é um fator determinante para tomada de decisão desses futuros profissionais, estudos alertam para melhorias durante o atendimento dessa população e um maior número de disciplinas, sobre o envelhecimento da população e odontogeriatria, para coibir atitudes discriminatórias no ambiente acadêmico. Em relação a influência de outros grupos (pacientes trans e mulheres cis) envolvendo a tomada de decisão clínica, não foi possível constatar na literatura, sendo necessário a publicação de estudos que analisem esses outros fatores. Com isso, teremos estudantes, desde a graduação, preparados para atender as demandas dessa população, entendendo que a sua função é de extrema importância para a universalização da assistência odontológica.