Análise transcricional de famílias gênicas transportadoras de membrana e dinâmica de carboidratos não estruturais em Cenostigma pyramidale sob estresse salino

Abstract

A catingueira (Cenostigma pyramidale), uma espécie da família Fabaceae, destaca-se como um excelente modelo para estudos sobre tolerância ao estresse salino, devido à sua capacidade de adaptação às condições adversas do semiárido brasileiro. A salinidade do solo compromete o crescimento vegetal, desencadeando mecanismos de resposta que envolvem transportadores de membrana, essenciais para a homeostase iônica, e carboidratos não estruturais (CNEs), fundamentais para a manutenção do balanço energético e osmótico da planta sob estresse. Diante disso, este estudo teve como objetivo avaliar a resposta ao estresse salino em C. pyramidale, com ênfase na análise da expressão de quatro famílias gênicas de transportadores de membrana – Transportadores ABC (ATP-binding cassette), Aquaporinas (AQPs), Purine Permease (PUP) e P-type ATPase , no transcriptoma radicular, e o acúmulo de carboidratos não estruturais (CNEs). As análises envolveram a mineração de transcritos no transcriptoma radicular da catingueira, identificação diferencial dos genes de interesse por análise in sílico, correlação com QTLs de soja associados à tolerância ao estresse salino, validação da expressão via RT-qPCR e quantificação dos carboidratos não estruturais totais. A análise de similaridade gênica revelou 124 transcritos ortólogos a QTLs de soja relacionados à tolerância ao estresse salino. A expressão gênica via RT-qPCR demonstrou que quatro transcritos foram induzidos no tecido radicular após duas horas de estresse salino (NaCl 100 mM), enquanto cinco transcritos apresentaram indução após 11 dias, evidenciando o papel dos transportadores de membrana na resposta ao estresse. Além disso, a análise dos CNEs e amido revelou que, após 11 dias de exposição ao estresse salino, os níveis de amido diminuíram significativamente nas amostras submetidas ao estresse em comparação ao controle. Esse resultado sugere que o amido foi degradado para aumentar a concentração de carboidratos solúveis, desempenhando um papel crucial na osmorregulação e no fornecimento de energia, auxiliando a planta a minimizar os impactos da salinidade.