Atividade inseticida de extrato salino e fração proteica de folhas de Psidium cattleianum Sabine contra Sitophilus zeamais Motschulsky, 1855

Abstract

Sitophilus zeamais Motschulsky, 1855 (Coleoptera: Dryophthoridae), conhecido como gorgulho do milho, é um inseto-praga de grãos armazenados de grande importância econômica. Atualmente, a principal forma de controle desse besouro consiste na aplicação de inseticidas sintéticos associados à alta toxicidade ambiental e à indução de resistência sobre os insetos. Nesse contexto, compostos derivados de plantas, como metabólitos secundários e lectinas, têm sido propostos como alternativas mais sustentáveis para o manejo de S. zeamais. O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade inseticida do extrato salino (ES) e da fração proteica (FP) de folhas de Psidium cattleianum Sabine (araçá-da-praia) contra adultos de S. zeamais. ES foi obtido por homogeneização do pó das folhas secas (10%, p/v) com solução de cloreto de sódio a 0,15 M a 4 °C, por 4 h. FP foi obtida a partir de ES por precipitação com sulfato de amônio a 60% de saturação. Os perfis fitoquímicos de ES e FP foram analisados por cromatografias em camada delgada (CCD) clássica e de aplicação semi-automática (CCD-ASA) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). A concentração de proteínas e a atividade hemaglutinante (AH) de ES e FP foram determinadas. A atividade inseticida de ES (10-300 mg/g) e FP (10-50 mg/g) foi analisada através da incorporação das amostras em dietas artificiais. As taxas de mortalidade foram determinadas após 7 e 14 dias e os índices de dissuasão alimentar e parâmetros nutricionais dos insetos foram calculados após 7 dias. ES e FP apresentaram concentração de proteínas de 12,63 e 33,58 mg/mL e AH específica de 324,31 e 975,82, respectivamente. A análise por CCD e CCD-ASA revelou a presença de taninos condensados e hidrolisáveis, flavonoides e açúcares redutores em ES e FP. A presença de ácidos gálico e elágico, catequina e possivelmente derivados de miricitrina em ES e FP foi confirmada por CLAE. ES (25-300 mg/g) induziu efeitos letais dose- e tempo-dependentes após 7 e 14 dias, com taxas de mortalidade atingindo 50% na maior concentração testada após 14 dias. Além disso, ES provocou efeitos deterrentes fraco e moderado nas concentrações de 200 e 300 mg/g, respectivamente, e impactou negativamente os parâmetros nutricionais de S. zeamais, incluindo taxa de consumo relativo, taxa de ganho de biomassa relativa e eficiência de conversão de alimento ingerido, nas concentrações de 10 a 300 mg/g. Por sua vez, FP (50 mg/g) induziu efeitos letais sobre S. zeamais após 7 dias e não afetou a deterrência alimentar nem os parâmetros nutricionais de S. zeamais nas concentrações testadas. Em suma, os achados do presente estudo revelam que compostos bioativos de folhas de P. cattleianum presentes em ES e FP apresentam potencial para serem explorados como inseticidas naturais no manejo integrado de S. zeamais, diversificando as estratégias de controle natural desse inseto-praga.