Mal de amor : afetos e refabulações das imagens de controle nas performances de masculinidades negras no rap

Abstract

O imaginário construído através das imagens de controle (COLLINS, 2019) desumanizam os corpos de pessoas negras e uma das graves consequências desse processo é o alto índice de mortalidade dessa população no Brasil, sobretudo dos homens negros. Diante disso, o presente trabalho busca demonstrar como o gênero musical rap pode ser acionado como uma chave analítica para refletir como os homens negros têm trabalhado na desconstrução de um imaginário racista capaz de criar ambientações onde é possível imaginar novas formas e experiências de vida que ganham força na oralitura (MARTINS, 2021) dos corpos negros. Com isso, a pesquisa aponta a música como um negro-lugar (RIBEIRO, 2020) que possibilita uma refabulação (HARTMAN, 2020) das narrativas de vida da comunidade negra no Brasil, através da ascensão de imagens de liberdade (GUILHEREME, 2022) que confrontam, desmantelam e rompem com estereótipos responsáveis por impor a violência sobre esses corpos. Com isso, essa dissertação se propõe a analisar as performances de masculinidades negras presentes nas manifestações artísticas de expoentes do gênero musical, entre eles, Djonga, Mano Brown e Baco Exu do Blues, a fim de demonstrar como o afeto e a incidência de uma política do amor (hooks, 2021) promovem uma reconfiguração política e cultural nas manifestações artísticas e comunicacionais. Para tanto, a proposta aqui apresentada busca articular uma análise interseccional (AKOTIRENE, 2020) capaz de permitir um deslocamento metodológico nos estudos de raça e gênero através da música.