A renovação do Serviço Social em Pernambuco

Abstract

Esta dissertação busca apresentar uma leitura sobre a relação entre o Serviço Social em Pernambuco e ideologia do desenvolvimento, no contexto econômico-político que antecede a ditadura do grande capital. O objetivo principal desta pesquisa é identificar as implicações da ideologia do desenvolvimento para o Serviço Social em Pernambuco, tomando como referência a antiga Escola de Serviço Social em Pernambuco (ESSPE), no início da década de 1960. Trata-se de um período marcado pela “guerra fria” e permeado por uma crise política de hegemonia nacional-regional. Desse contexto emerge uma luta de classes rural/urbana que disputava sobre o tipo de padrão de desenvolvimento que o país deveria tomar para superar o seu subdesenvolvimento. Neste processo, ocorre o enraizamento da ideologia do desenvolvimento e do desenvolvimento de comunidade no país, influenciando a forma e o conteúdo do aparelho estatal brasileiro. Esta pesquisa sugere que os processos de reprodução da força de trabalho e de reprodução do controle e da ideologia dominante vigentes no contexto de crise nacional-regional do início da década de 1960 pressupõe a incorporação da ideologia de desenvolvimento no Serviço Social em Pernambuco. Isto permite que a profissão seja inserida nos processos e projetos desenvolvimentistas por meio de sua inclusão nos programas de desenvolvimento de comunidade. Através de sua autonomia relativa, a profissão começa a apresentar posições políticas sobre qual o padrão de desenvolvimento o país deveria tomar. Verifica-se que, nesse contexto, a ideologia de desenvolvimento na ESSPE aparece através da existência do Movimente de Cultura Popular (MPC), capitaneado por Paulo Freire, que destoava substancialmente da perspectiva que predominava no período: um funcionalismo relativo à ideologia do desenvolvimento.