Seleção de microrganismos aeróbios e aneróbios degradadores de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos decorrente de contaminação de derivados de petróleo

Abstract

Apesar de alternativas renováveis para fontes de energia serem cada vez mais comuns, a queima de combustível fóssil ainda registra um valor expressivo no conjunto da matriz energética mundial, representando cerca de 31% de toda a produção mundial em 2022 (Statistical Review of World Energy 2022). Dentre os combustíveis fósseis, o petróleo se caracteriza como o principal, sendo extraído a partir de plataformas onshore e offshore, transportados por embarcações, caminhões ou dutos e, por fim, refinados. Contudo, mesmo que haja medidas de segurança, acidentes relacionados à extração e transporte dessa matéria prima são catastróficos e imprevisíveis, gerando graves impactos ambientais para ecossistemas atingidos. Uma das mais promissoras alternativas para recuperação de áreas afetadas por acidentes envolvendo derramamento de petróleo é a biorremediação, que se utiliza de microbiota para degradar os compostos que formam no óleo. Dessa forma, essa pesquisa se voltou para o estudo da biodegradação do fenantreno, pertencente ao grupo dos hidrocarbonetos policíclico aromáticos (HPA), principal grupo de hidrocarbonetos presentes na composição do óleo bruto. Através deste estudo, pôde-se isolar, selecionar e identificar a microbiota enriquecida por meio de microcosmos contendo com fenantreno, de modo que fizesse dele sua principal fonte de carbono. Ao total, foram realizados dois experimentos independentes a partir de enriquecimento de microcosmos em batelada, sendo as amostras finais submetidas ao isolamento, seleção e identificação microbiana a partir do processo de metabarcoding para análise do rRNA do gene 16S. O processo de isolamento microbiano resultou em duas principais colônias, que chamamos de A1 e B3 tendo um resultado de fator de degradação médio de 80,3% durante o período de 29 dias. Ao todo, foram identificados 6 principais filos bacterianos, os Actinobacteria, Bacteriodetes, Euryarchaeota, Firmicutes, Protobacteria e Synergistetes. Assim sendo, os filos Firmicutes e Protobacteria foram os com maior abundância relativa. O resultado traz um novas informações sobre a ecologia microbiana relacionada a degradação do fenantreno e outros HPAs presentes no óleo bruto, auxiliando assim nos processos de biorremediação ambiental.