Dor musculoesquelética em profissionais de saúde atuantes na linha de frente da pandemia de COVID-19

Abstract

A pandemia de COVID-19 constitui uma das maiores crises sanitárias do mundo.No Brasil, os profissionais de saúde enfrentam graves consequências físicas e psicossociais. Dentre estas, a dor musculoesquelética (ME) e o comprometimento da saúde mental podem acarretar em prejuízos à qualidade de vida dos profissionais e à qualidade dos serviços. Estimar a prevalência de dor ME e identificar os fatores associados à dor ME em profissionais de saúde atuantes na linha de frente. Estudo observacional transversal, com coleta de dados através de formulário eletrônico enviado por e-mail e mídias sociais, direcionado para profissionais de saúde de unidades de terapia intensiva e de serviços de urgência e emergência do Brasil que atendiam pacientes com COVID-19. O formulário contemplou dados sociodemográficos, clínicos e dor ME, ocupacionais e psicossociais com usode um instrumento para avaliação de sintomas de depressão, ansiedade e estresse - Depression, Anxiety and Stress Scale – Short Form (DASS – 21). Os dados foram tabulados e processados utilizando-se os programas Microsoft Excel, versão 2016 e o Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 22.0. O teste t foi usado para associar as variáveis contínuas e o teste do qui-quadrado de Pearson ou Teste Exato de Fisher, para as categóricas. Foi realizada uma análise de regressão logística binária para construção de um modelo com as variáveis associadasà maior prevalência de dor musculoesquelética. Amostra constituída por 209 profissionais de saúde - enfermeiros (28,7%), técnicos de enfermagem (30,1%), fisioterapeutas (33%) e médicos (8,1%) - predomínio de mulheres (80,9%), média de idade de 34,6 em anos (DP: 8,36). A prevalência de dor ME foi de 84,7% (n=177) (IC95%= 79,18 - 88,94). O modelode análise de regressão mostrou que a atividade física insuficiente (RP= 2,51; IC95%= 1,09 - 5,79; p= 0,031) e o estresse (RP= 1,12; IC95%= 1,03 - 1,22; p=0,007) foram variáveis associadas à dor musculoesquelética nos profissionais. Diante deste modelo [χ2(7) = 28,32; p<0,001; R2 Nagelkerke =0,22], 22% da variação da ocorrência da dor, pode ser explicada poressas duas variáveis (p=0,031; p=0,007). A prevalência de dor musculoesquelética em profissionais de saúde atuantes na linha de frente da pandemia foi de 84,7% e os principaisfatores associados à dor ME identificados foram atividade física insuficiente e sintomas de estresse.