Efeitos antioxidantes da suplementação com óleo de linhaça marrom sobre parâmetros inflamatórios de crianças e adolescentes asmáticos

Abstract

A asma brônquica é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, é considerada um importante problema de saúde pública e sua prevalência vem crescendo consideravelmente nas últimas décadas. A resposta inflamatória envolvida na gênese da asma é complexa e envolve uma variedade de mediadores inflamatórios que podem levar a geração de radicais livres, com consequente estresse oxidativo. Embora o tratamento farmacológico seja, geralmente, eficaz, os medicamentos utilizados muitas vezes apresentam efeitos colaterais significativos como candidíase oral e esofagiana, odinofagia, disfagia, disfonia entre outros. Alguns imunonutrientes vêm sendo apontados na prevenção e tratamento da asma, dentre eles os ácidos graxos poli- insaturado Ômega 3 presente em peixes e óleos. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito anti-inflamatório e antioxidante da suplementação com óleo de linhaça marrom em crianças e adolescentes com asma brônquica moderada. Estudo do tipo ensaio clínico randomizado, duplo cego, placebo controlado com crianças e adolescentes de ambos os sexos, entre 7 e 19 anos, diagnosticados com asma brônquica moderada, em uso de broncodilatador inalado, atendidos no ambulatório de Alergologia e Imunologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, no período de julho de 2013 a agosto de 2014. Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos: grupo linhaça, os quais foram suplementados com óleo de linhaça marrom e grupo placebo, que receberam cápsulas contendo glucose de milho, com a mesma cor e aspecto do óleo de linhaça. Os pacientes foram orientados a ingerir 1 cápsula contendo 1 grama de óleo de linhaça marrom ou placebo por dia, durante 6 semanas. Para avaliação do estado nutricional foram utilizados os índices de massa corporal para idade (IMC/I) e estatura para idade (E/I). Foram analisados parâmetros inflamatórios do sangue dos pacientes antes e após a suplementação. Para análise estatística foi empregado o teste “t” de Student pareado e o de Kruskal-Wallis seguido do pós-teste de Dunn`s. Foram avaliados 63 pacientes, sendo 31 suplementadas com óleo de linhaça marrom e 32 do grupo placebo. A maior parte da amostra era do sexo masculino, com idade entre 7,1 e 18,9 anos. Em ambos os grupos, prevaleceu a eutrofia. Entretanto, observou-se que 34,9% da amostra tinham excesso de peso. Não foram encontradas diferenças entre os dados de idade, peso, altura e IMC entre os grupos. No grupo linhaça foram encontradas reduções no número de eosinófilos (de 4,53%±1,61 para 2,9%±0,99), nos níveis de Imunoglobulina E (de 122,9UI/mL±27,9 para 68,5UI/mL±28,1), na peroxidação lipídica (0,205±0,013nmol versus 0,076±0,005nmol) e no carbonil (37,36±5,9nmol versus 2,08±1,39nmol) e aumento no total de tiol (6,90±0,67nmol para 9,86±1,63nmol), porém, não foram encontradas diferenças na produção de catalase. No grupo placebo nenhum dos parâmetros analisados deram diferença. Em conclusão, a suplementação com óleo de linhaça marrom atuou como terapia coadjuvante na asma por reduzir os parâmetros inflamatórios de crianças e adolescentes com asma moderada.