Edição genética e radiorresistência: ética, desafios e perspectivas

Abstract

A radiorresistência, ou a capacidade de organismos sobreviverem a altos níveis de radiação ionizante, é um tema relevante tanto para a biomedicina quanto para a exploração espacial. Esta monografia abordou o potencial da edição genética para mitigar os danos causados pela radiação, por meio de uma revisão integrativa da literatura sobre a aplicação dessas tecnologias em contextos terrestres e espaciais. A pesquisa foi realizada com base em artigos publicados entre 2010 e 2024, nas bases PubMed, Scopus, Google Acadêmico e SciELO. Foram selecionados estudos que discutiram a radiorresistência e a edição genética, com ênfase nos mecanismos de reparo de DNA, como a junção de extremidades não homólogas (NHEJ) e a recombinação homóloga (HR), fundamentais para a manutenção da integridade genômica após a exposição à radiação. Os resultados revelaram uma lacuna significativa na literatura sobre a combinação direta da edição genética com a radiorresistência. No entanto, a manipulação genética, especialmente com o uso de tecnologias como CRISPR-Cas9, mostrou-se promissora para aumentar a resistência à radiação, com aplicações potenciais tanto para astronautas em missões espaciais quanto para contextos terrestres de exposição à radiação ionizante, como pacientes em tratamentos de radioterapia. Estudos sugeriram que a modificação de genes envolvidos no reparo de DNA obteve bons resultados em modelos celulares e animais, indicando a viabilidade dessas tecnologias em um futuro próximo. Apesar dos avanços, a aplicação prática dessas descobertas enfrenta desafios significativos, principalmente no que diz respeito à segurança e eficácia das intervenções genéticas. Além disso, foi identificada a necessidade de aprimorar as estratégias de entrega dos componentes de edição genética. Este estudo também destacou a importância de diretrizes éticas rigorosas, para que as tecnologias de modificação genética sejam implementadas de forma responsável e acessível, evitando o aumento das desigualdades sociais. A regulamentação deve garantir que os benefícios das pesquisas científicas alcancem de maneira equitativa todas as populações. Embora a edição genética mostre grande potencial para promover a radiorresistência, mais pesquisas são necessárias para superar barreiras técnicas e éticas. A continuidade da investigação e a elaboração de políticas adequadas serão fundamentais para que esses avanços tragam benefícios para a saúde humana de forma justa e segura.