Funcionalidade em pacientes com incontinência urinária após prostatectomia radical à luz da teoria do autocuidado de Orem

Abstract

A Prostatectomia Radical é uma das opções de tratamento mais utilizada para os pacientes diagnosticados com câncer de próstata. Apesar de ser um tratamento eficaz para prevenir as complicações a curto, médio e longo prazo do câncer de próstata, traz complicações para a saúde do homem. Entre as complicações mais prevalentes e incapacitantes, destaca-se a Incontinência Urinária. Esta complicação pós prostatectomia radical pode repercutir negativamente na vida do paciente com problemas de ordem física, psicológica, social, sexual e ocupacional que pode afetar diretamente a sua funcionalidade e na capacidade para autocuidar-se. A avaliação adequada da funcionalidade nos requisitos de autocuidado propostos pela teoria do autocuidado de Dorothea Orem permite analisar as complicações em diferentes domínios da vida e possibilita ações direcionadas para a educação em saúde de forma individualizada. Este estudo tem como objetivo avaliar a funcionalidade de homens com incontinência urinária pós prostatectomia radical pela teoria do Autocuidado de Orem. Trata-se de um estudo transversal, descritivo e de caráter quantitativo. A pesquisa foi realizada no ambulatório de Urologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, entre março e novembro de 2023. Foram recrutados homens adultos, diagnosticados com incontinência urinária pós prostatectomia radical com idade igual ou maior a 40 anos. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário sociodemográfico desenvolvido pelo autor principal. Posteriormente, os voluntários responderam o International Consultation on Incontinence Questionnaire - Short Form (ICIQ-SF) para verificar o impacto da IU na qualidade de vida, Urinary Incontinence Scale After Radical Prostatectomy (UISARP) para verificar a gravidade da UI tendo a PR como fator causal dos distúrbios urinários e o World Health Organization Disability Assessment Schedule 2.0 (WHODAS 2.0)para avaliar os domínios da funcionalidade, conforme recomenda a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11). Além disso, os voluntários realizaram o Teste Timed Up and Go, a fim de avaliar a mobilidade e o equilíbrio funcional. Para a análise estatística foram utilizados o teste de Shapiro Wilk e o teste Qui-Quadrado para comparação de proporção, considerando o nível de significância de 5%. Foram avaliados 43 homens com média da idade de 67,15±6,46 anos, cor/raça parda (67,4%), eutróficos (44,2%), com o tempo de realização de cirurgia mais de 12 meses (25,6%), realizaram PR laparoscópica (55,8%) e com incontinência de esforço (60,5%). Foi observada média de 12,13 pontos no ICIQ-SF, 17,97 no UISARP e 19,3 no score total do WHODAS 2.0. No TUG, os voluntários realizaram o teste entre 10 a 19 segundos (79,1%). Através na análise das variáveis categóricas foi possível verificar que os principais fatores associados a redução da funcionalidade foram: redução na qualidade de vida, alteração na mobilidade e equilíbrio, redução na participação e no relacionamento interpessoal, reforçando o papel da prática interprofissional colaborativa na educação em saúde. O teste Qui-Quadrado para comparação de proporção foi significativo para esses desfechos (p-valor = <0,05). Nesse contexto, foi observado um desequilíbrio nos requisitos universais e de desenvolvimento. A avaliação da funcionalidade à Luz da Teoria do autocuidado de Orem perpassou pela identificação dos desequilíbrios acerca dos requisitos de autocuidado, sendo um ponto de partida para a criação de estratégias de educação em saúde, a fim proporcionar melhoria na funcionalidade desse público, de forma gradativa e humanizada, respeitando a individualidade de cada paciente.