Reinserção no mercado de trabalho de transplantados de fígado : evidências de uma unidade de transplante hepático entre 2012 e 2021

Abstract

O transplante de fígado pioneiro no mundo ocorreu em 1o de Março de 1963. No Brasil, a iniciativa para este procedimento aconteceu em 1968, no Hospital das Clínicas de São Paulo (USP). O transplante hepático só deverá ser indicado quando estiverem esgotados os métodos terapêuticos convencionais, sendo a probabilidade de sobrevida e a qualidade de vida maiores com a realização do procedimento. O pós-operatório imediato do paciente submetido ao transplante de fígado ocorre na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nesta perspectiva, a pesquisa objetiva analisar estatística e econometricamente a reinserção no mercado de trabalho de pacientes pós-transplante hepático acompanhados em uma Unidade de Transplante de Fígado do Estado de Pernambuco que realizaram o procedimento entre 2012 e 2021. Realizou- se um estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, na Unidade de Transplante de Fígado (UTF) / Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC). O tamanho da população considerou o número de pacientes submetidos ao transplante hepático nos últimos dez anos (2012-2021), que estão vivos e possuem idade igual ou superior a 18 anos, além de terem o registro do nome, data de nascimento e CPF nas planilhas e/ou prontuários utilizados na coleta de dados. Foi realizado o cálculo para a amostra finita, com o coeficiente de confiança de 95% e um erro amostral de 5%. Foram utilizados os critérios de inclusão: idade a partir de 18 anos, pacientes que estavam inseridos no Mercado de Trabalho antes do Transplante Hepático e trabalhadores do mesmo setor não submetidos ao procedimento. Para análise dos dados coletados foi utilizada a técnica estatística Diff-in-Diff, a fim de imitar um desenho de pesquisa experimental usando dados de estudos observacionais, estudando o efeito diferencial de um tratamento em um “grupo de tratamento” versus um “grupo de controle” em um experimento natural. Foi rastreada a reinserção no mercado de trabalho dos pacientes transplantados através da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, a fim de fazer uma análise comparativa da empregabilidade do indivíduo antes do transplante hepático e a recolocação no mercado de trabalho do indivíduo após o procedimento. O estudo concluiu que o Transplante Hepático reduziu em 20% as chances de empregabilidade dos pacientes acompanhados na Unidade de Transplante de Fígado do HUOC, apesar do aumento da sobrevida destes pacientes após o procedimento. Este percentual pode ser considerado uma alta taxa, quando comparada ao percentual de desempregados entre a população ativa que variou entre 7 e 14% de 2012 a 2021. No que tange à prevalência dos transplantes hepáticos, verificou-se que esta terapêutica foi realizada, em sua maioria, na faixa etária de indivíduos entre 40-69 anos. Nessa premissa, temos na saúde pública um eixo orientador para maior esclarecimento da população quanto às doenças que podem levar uma pessoa a precisar de um transplante hepático, não se restringindo, apenas, ao abuso de bebida alcoólica, mas, também, a doenças virais e a dietas gordurosas que podem desencadear uma insuficiência hepática.