O papel da tecnologia no monitoramento dos contratos por demanda de água

Abstract

O Marco Legal do Saneamento Básico aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pela Presidência da República no dia 15 de julho de 2020, aumentou a segurança jurídica e a previsibilidade necessária à atração de investimentos privados para o setor do saneamento. Desta forma, o novo marco legal surgiu como uma medida bastante positiva para os brasileiros, uma vez que poderá impulsionar os investimentos no setor, resultando em mais saúde e bem-estar para a população. Os benefícios dos novos investimentos que estão sendo feitos no saneamento estão abrindo portas para a aplicação de tecnologias que visam a redução no índice de perda dos sistemas de distribuição de água das cidades brasileiras, que hoje é a maior preocupação das concessionárias de água e esgoto, visto que em 2018, o Índice de perdas na distribuição (IN049) no Brasil é de 38,5% (SNIS, 2019). Ou seja, 38,5% do volume de água disponibilizado não foi contabilizado como volume utilizado pelos consumidores, seja por vazamentos, falhas nos sistemas de medição ou ligações clandestinas. A partir de um sistema de monitoramento por telemetria, é possível acompanhar em tempo real diversas grandezas e fazer cruzamentos de informações para que sejam identificadas essas perdas no abastecimento, sejam elas perdas reais ou aparentes. O sistema de telemetria da Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) possui inúmeras funcionalidades para a redução dessas perdas. Uma dessas funcionalidades é específica para o monitoramento dos contratos por demanda existentes no estado. Os contratos por demanda são caracterizados quando o cliente se compromete com um consumo de um volume mínimo mensalmente, e por isso, recebe um abatimento no valor do metro cúbico consumido. Porém, como em muitas regiões do estado de Pernambuco o fornecimento de água não é realizado de forma ininterrupta, muitas vezes existe um impasse entre a concessionária e o cliente sobre o real motivo do cliente não ter consumido o volume contratado. Dessa forma, a solução encontrada pela COMPESA e pela empresa fornecedora do sistema de telemetria utilizada pela concessionária, foi a instalação de sensores de pressão em conjunto com os hidrômetros das ligações dos clientes. Além disso, as informações desses dois instrumentos de medição estão sendo enviadas através de aparelhos de comunicado de baixo custo que utilizam a tecnologia IoT (Internet das Coisas). A partir do cruzamento dos dados de consumo do cliente e da pressão na ligação durante vários momentos do dia é possível verificar a disponibilidade do abastecimento de água, além de determinar o real motivo nos casos em que o volume mínimo de água contratado não é atingido.