Tempo de aleitamento materno e consumo de ultraprocessados por crianças de dois Centros Municipais de Educação Infantil

Abstract

O contexto atual do padrão alimentar infantil reflete o consumo elevado dos produtos ultraprocessados em substituição dos alimentos in natura e/ou minimamente processados, sendo um dos principais fatores que podem estar relacionados ao desmame precoce. Essa prática eleva o risco de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis ainda na infância. O objetivo deste estudo foi avaliar o tempo de aleitamento materno e o consumo de produtos ultraprocessados por crianças de dois Centros Municipais de Educação Infantil da cidade de Recife/PE. Um estudo transversal foi realizado. As variáveis estudadas foram condições socioeconômicas e demográficas, tempo de aleitamento materno exclusivo e total, frequência no consumo de ultraprocessados e a idade de introdução de um desses produtos, sendo avaliadas por meio de um formulário aplicado com os responsáveis pelas crianças. A análise dos dados foi realizada e o teste de Wilcoxon foi utilizado para verificar a associação entre as variáveis, com um p<0,05 considerado estatisticamente significante. Participaram do estudo 35 responsáveis pelas crianças. 51,4% das crianças tiveram aleitamento materno exclusivo abaixo de quatro meses. Em relação ao consumo de ultraprocessados, 45,2% das crianças consumiram algum ultraprocessado com menos de 10 meses de idade e, foi observada uma elevada frequência semanal de consumo desses produtos, principalmente, iogurte e biscoito. Evidencia-se que todas as crianças consumiam algum ultraprocessado por semana. Não foi observada associação entre o consumo de ultraprocessados e o tempo de aleitamento materno, no entanto, o maior número de pessoas no domicílio esteve associado ao maior consumo desses produtos. Esses resultados demonstram a necessidade de investigações futuras sobre os fatores que refletem no desmame precoce e na oferta de ultraprocessados às crianças no ambiente familiar.