Impactos da implementação da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil na rede de atenção básica do município de Limoeiro-Pernambuco/Brasil

Abstract

Este trabalho objetivou avaliar o impacto da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB), do Ministério da Saúde, na qualificação de profissionais da atenção básica e em indicadores de aleitamento materno e alimentação complementar da população menor de dois anos, no município de Limoeiro. Trata-se de um estudo epidemiológico translacional, de intervenção comunitária, com análise do tipo antes e depois. A intervenção constou na implementação da EAAB, e seguiu o processo metodológico definido em instrutivo, por meio de oficinas educativas, com abordagem crítico- reflexiva. Foram avaliados 55 profissionais de saúde, antes e após a intervenção, pertencentes a seis equipes de atenção básica/cinco unidades básicas de saúde; 151 crianças menores de dois anos, na fase pré-intervenção e 172 crianças, após a intervenção. Foram analisados aspectos relacionados ao conhecimento, à abordagem e aos processos de trabalho dos profissionais de saúde, acerca da promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar, além de sua percepção sobre a implementação da EAAB. Os conhecimentos dos profissionais sobre aleitamento materno e alimentação complementar também foram avaliados, antes e após a ação. Além disso, marcadores de consumo alimentar de crianças menores de dois anos atendidas pelas equipes de saúde foram avaliados antes e após a implementação da EAAB (através de indicadores de aleitamento materno e de frequências de consumo da alimentação complementar), através de entrevistas às mães das crianças. Antes da realização do estudo, 60% dos profissionais não conheciam a EAAB e nenhuma unidade de saúde dispunha de plano de ação para promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar, nem monitorava os marcadores de consumo alimentar das crianças. A análise da percepção dos profissionais demonstrou considerável aceitação pela proposta e interesse pelo tema do aleitamento materno e da alimentação complementar. Os pontos negativos e as sugestões levantados fornecem subsídios para consolidar e expandir essa intervenção pública. Com a intervenção, todas as unidades construíram um plano de ação e passaram a monitorar o consumo alimentar dos menores de dois anos. A média de conhecimento dos profissionais aumentou significativamente (p<0,001), tanto acerca do aleitamento materno (de 63,23 ± 11,03 para 73,90 ± 12,13) como em relação à alimentação complementar (de 61,76 ± 15,23 para 77,27 ± 13,97). Não houve mudanças nas prevalências de aleitamento materno, mas a intervenção contribuiu para aumentar o consumo de legumes e verduras em 33,2% (p<0,001) e reduzir o consumo de biscoito recheado, doces e guloseimas em 32,6% (p<0,001). Além disso, observou-se aumento no número de mães que referiu ter recebido apoio e orientações das equipes de saúde acerca da amamentação e da alimentação complementar. Portanto, a EAAB mostrou impacto positivo nos conhecimentos, na abordagem e nos processos de trabalho de profissionais da atenção básica e contribuiu para melhorias em indicadores da alimentação complementar.