Perfil sociodemográfico e avaliação de escores preditores de risco de sangramento intracraniano em pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico submetidos à trombólise endovenosa em hospital do nordeste brasileiro

Abstract

O acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) é caracterizado como uma síndrome clínica de desenvolvimento súbito, levando a sintomas focais resultantes da interrupção do fluxo sanguíneo cerebral, com consequente esgotamento de mecanismos de compensação e interrupção da comunicação elétrica entre os neurônios. Nos casos de AVCI agudo, a recanalização da artéria ocluída pode ser realizada através da trombólise endovenosa com alteplase, o que demonstrou aumentar as chances de bom desfecho neurológico. Apesar da eficácia, os eventos adversos mais temidos desta modalidade terapêutica são as hemorragias intracranianas sintomáticas, cujo risco pode variar entre 2% e 7%. Fatores clínicos, laboratoriais e radiológicos foram associados ao maior risco de evento hemorrágico intracraniano e esforços têm sido realizados para identificá-los e minimizá-los, dentre eles, o desenvolvimento de escores preditores de sangramento, os quais podem ser úteis para estimar riscos e orientar as ações, bem como guiar expectativas de pacientes e familiares. O estudo teve como objetivos a aplicação de escores preditores de risco de sangramento em pacientes submetidos à trombólise endovenosa com alteplase e a associação das respectivas pontuações com eventos hemorrágicos intracranianos na população estudada. Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, monocêntrico, baseado em revisão de registros hospitalares, envolvendo 91 pacientes com AVCI agudo tratados com alteplase. Foram aplicados escores preditores de sangramento, já validados na literatura internacional, buscando associação entre suas pontuações e os desfechos clínicos. Dentre os escores aplicados, o GRASPS teve associação estatisticamente significativa com eventos hemorrágicos intracranianos, de modo que 21,9% (7/32) dos pacientes com escore GRASPS ≥ 73 apresentaram hemorragia intracraniana sintomática, enquanto 6,8% (4/59) daqueles com escore < 73 foram acometidos por esta complicação (p 0,035). A partir dos dados analisados, concluiu-se que uma pontuação maior ou igual a 73 no escore GRASPS foi associada à maior prevalência de hemorragia intracraniana sintomática nos pacientes com AVCI tratados com alteplase na população estudada.