DA PRESENÇA DO CORPO À AUSÊNCIA DA MEMÓRIA: UM ESTUDO SOBRE O MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO - MEPE

Abstract

A presente pesquisa teve como objetivo compreender e problematizar a relação do Museu do Estado de Pernambuco - MEPE com os corpos pretos partindo da sua ausência na exposição “O Casarão e a Cidade - usos e costumes”, uma vez que esses corpos fazem parte da história do museu e da sociedade que a exposição se propôs à retratar. Para tanto, foi necessário relacionar a formação da memória coletiva com as questões sociais que permeiam o casarão e a exposição, analisando a exposição, sua formação através do uso do recorte político da memória e as políticas de memórias, além de identificar o mecanismo usado pelo MEPE na tentativa de negar que corpos pretos foram escravizados por quem ascendeu socialmente e economicamente no século XIX. Realizou-se, então, uma pesquisa qualitativa a partir dos procedimentos de revisão bibliográfica e análise de exposição. Diante disso, verificou-se que a relação do MEPE com os corpos pretos é estabelecida a partir do olhar de quem “venceu” a batalha da escravatura mesmo após a abolição, romantizando esse processo e fazendo uso dos recortes políticos de memória para justificar e dar sentido a sua narrativa, anulando a memória de corpos estigmatizados e marginalizados socialmente.