Perspectivas acerca do uso de suplementos alimentares e compostos bioativos sobre os agentes de glicação avançada (AGES) na manutenção da saúde da pele humana

Abstract

Os agentes de glicação avançada (AGE) são um grupo heterogêneo de glicotoxinas formados por uma interação aminocarbonila. Os AGEs podem ser formados pela reação de Maillard (RM), oxidação de lipídios, carboidratos ou proteínas, e até de forma endógena pela glicólise ou pelo processo de inflamação. A RM ocorre durante o cozimento/assamento dos alimentos provocando a formação de AGEs que, ao serem ingeridos e absorvidos, podem se ligar a proteínas, lipídeos e ácidos nucléicos. A interação entre essas moléculas, AGEs e compostos biológicos, pode provocar alterações estruturais, perda de função, formação de radicais livres e indução de resposta inflamatória. No organismo, a proteína mais abundante é o colágeno, por isso ela está mais propensa a essas interações. Uma vez ligado aos AGEs, o colágeno pode perder a sua elasticidade, provocando envelhecimento precoce através do aparecimento de rugas e flacidez da pele. O organismo possui mecanismos de prevenção, como enzimas antioxidantes, que evitam a interação entre essas moléculas, mas que ao passar dos anos, sofrem declínio. O presente estudo visou reunir evidências, através de uma revisão integrativa da literatura, sobre propriedades antiglicantes de diferentes compostos naturais e analisar os possíveis mecanismos de ação e repercussões a nível da pele responsáveis pelos resultados encontrados, visando entendimento para o potencial desenvolvimento de suplementos que visem a prevenção ou tratamento dos danos causados por AGEs. Foi observado através dos 18 artigos selecionados que os materiais de estudo concentram-se em extratos de vegetais, cianobactérias e algas, que a concentração de compostos fenólicos está intimamente ligada com a propriedade antioxidante, e que possivelmente explicaria boa parte das atividades antiglicantes encontradas. A modulação da expressão gênica de receptores de AGES (RAGEs) é um caminho para atenuação dos danos e que estudos in vivo com animais e ensaios clínicos iniciais em humanos foram conduzidos e mostraram resultados promissores. A perspectiva do desenvolvimento de suplementos que impactem sobre a inibição da formação de AGEs ou a sua ligação com compostos biológicos traria benefícios a nível sistêmico, evitando assim o desenvolvimento de doenças crônicas relacionadas e sob aspectos alterados da pele.