Extração e aplicação da pectina do albedo de maracujá para tratamento de matrizes têxteis

Abstract

Efluentes têxteis contêm diversos poluentes, com destaque para os corantes devido às suas características capazes de provocar sérios danos ao ecossistema. Para o tratamento deste rejeito, frequentemente emprega-se a coagulação seguida de floculação. Neste processo, são utilizados coagulantes químicos responsáveis pela desestabilização dos colóides, o que possibilita a agregação das partículas. Apesar de amplamente utilizadas, essas substâncias também podem acarretar em diversos males. Como um meio de reduzir ou substituir o uso de coagulantes químicos, estuda-se o emprego de materiais naturais. Logo, o objetivo deste trabalho foi investigar a possibilidade de utilizar a pectina do albedo de maracujá em conjunto com o sulfato de alumínio para o tratamento de matrizes têxteis, bem como avaliar as variáveis do método convencional de extração de pectina a fim de obter maiores rendimentos. Para a extração, foi realizado um planejamento fatorial 2³ com triplicata do ponto central, no qual foram estudadas as variáveis: agitação, temperatura e tempo. Os ensaios de coagulação/floculação foram realizados com auxílio de jar test, sendo avaliados através de um planejamento fatorial 24 com três réplicas do ponto central, cujos fatores foram: concentração de sulfato de alumínio, concentração de pectina, tempo de mistura lenta e pH. Foi realizada também as análises de FT-IR e do grau de esterificação do biopolímero pelo método titulométrico. Por meio dos dados fornecidos pelo software Statistica 12.0, pode-se afirmar que as três variáveis da extração estudadas são significativas e atuam de forma independente. As condições que conduziram ao maior rendimento (23,67%) foram 180 rpm de agitação, 80°C e 120 min. Os ensaios preliminares de coagulação/ floculação evidenciaram que o uso da pectina proporcionou mais que o dobro de eficiência, aumentando de 36,95 para 80,37%. Pode-se concluir que a pectina é eficaz atuando apenas como floculante, pois, quando utilizada sozinha, promoveu apenas 1,33% de remoção de corante. O planejamento experimental empregado para avaliar a coagulação/floculação, identificou que os fatores concentração de sulfato de alumínio, concentração de pectina, pH e a interação entre concentração de Al2(SO4)3 e pH são significativos. Em virtude da falta de ajuste do modelo linear, foi realizado um planejamento estrela a partir da ampliação do fatorial, com rotação de α = 1,333. Entretanto, os dados não se ajustaram ao modelo quadrático devido ao tamanho dos resíduos. O ensaio que proporcionou maior eficiência de remoção de cor (86,26%) foi realizado com 500 mg.L-1 Al2(SO4)3, 75 mg.L-1 de pectina, 30 min e pH 6. O estudo foi procedido com experimentos univariados realizados com amostras de efluente têxtil coletadas em lavanderia localizada em Caruaru/PE. Os ensaios executados possibilitaram encontrar a melhor condição dos parâmetros físico-químicos, que obteve coeficiente de absorção (4,2 (DFZ436), 2,4 (DFZ525) e 1,5 (DFZ620) m-1), turbidez (3,16 UNT) e remoção de DQO (74,77%), resultados alcançados com 200 mg.L-1 de Al2(SO4)3 e sem pectina. Tem-se que o efluente apresenta comportamento muito diferente da solução de corantes. O presente trabalho comprova que o uso do polissacarídeo não surtiu o efeito esperado, mas permitiu estudar a viabilidade do uso do biopolímero no tratamento do efluente têxtil.