Associação entre excesso de peso corporal e pressão arterial em mulheres privadas de liberdade

Abstract

No atual cenário do sistema penitenciário brasileiro, é possível observar um ambiente caracterizado pela insalubridade, superlotação, violência, confinamento prolongado, dieta inadequada e sedentarismo. Essas condições tornam o ambiente prisional favorável ao desenvolvimento de obesidade e aumento da pressão arterial. O objetivo deste estudo é analisar a associação entre o excesso de peso e a pressão arterial em mulheres privadas de liberdade. Trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa. A pesquisa é um recorte do projeto intitulado “Evidências de validade do diagnóstico de enfermagem risco de pressão arterial instável em mulheres privadas de liberdade” apreciado pelo comitê de ética sob parecer 5.454.048. A coleta de dados foi realizada na Colônia Penal Feminina do Recife. Obteve-se uma amostra de 126 mulheres, das quais foram analisadas as variáveis sociodemográficas e antropométricas. Os dados foram tabulados e digitados em dupla digitação no Epi Info, versão 3.5.4 e analisados por meio de estatística descritiva e inferencial com o auxílio do software SPSS versão 21.0. A maioria das mulheres eram solteiras (69,8%), pardas (61,9%), ocupação inativa ou desempregada no presídio (70,6%), religião evangélica (42,9%) e apresentaram renda familiar menor que 1 salário mínimo anteriormente à prisão (53,2%). Na análise bivariada, observa-se significância estatística entre a pressão arterial normal e o IMC adequado, sobrepeso e obesidade, assim como a pressão arterial normal com a circunferência abdominal adequada, alto risco e muito alto risco (p-valor menor que 0,05 no teste Exato de Fisher). Contudo, notou-se uma tendência do aumento da PA quando o aumento do IMC e da circunferência abdominal. Conclui-se que a associação apresentou significância estatística entre o IMC adequado, sobrepeso e obesidade e a circunferência abdominal adequada, de alto risco e muito alto risco com a PA normal, contudo, esta pesquisa traz contribuição para a prática do enfermeiro atuante nas instituições prisionais como as ações de educação em saúde voltadas à promoção da saúde cardiovascular, planejamento e desenvolvimento de intervenções educativas quanto a estimulação ao consumo de alimentos saudáveis, controle de peso, cessação do tabagismo e realização de exercícios físicos voltadas à promoção da saúde cardiovascular e redução dos fatores de riscos cardiovasculares modificáveis.