Quem me levará sou eu: análise da trilha sonora musical do filme A História da Eternidade (2014).

Abstract

O presente trabalho busca configurar a música como um elemento de coesão na narrativa de filmes, ajudando a compor significado nas produções cinematográficas. Para isso, propõe-se um estudo de caso do filme A História da Eternidade (2014), do diretor Camilo Cavalcante, partindo da análise qualitativa de cenas elaboradas com músicas pré-existentes e composições originais. Levando em consideração o caráter melancólico da trilha sonora musical feita na sanfona por Dominguinhos, propõe-se relacionar essa paisagem sonora ao desenvolvimento do romance entre Querência e o sanfoneiro Cego Aderaldo. Além disso, relacionar também a contextualização biográfica de Dominguinhos e do diretor Camilo Cavalcante, apontando uma marca autoral de Camilo Cavalcante permeada pelo uso da música. A análise fílmica é baseada nos estudos de som e imagem propostos por Claudia Gorbman (1987, 2007), e Kathryn Kalinak (2010), Mannoni (2003), Pisano (2002), Morettin (2009), Carrasco (2005), Miranda (2015, 2016), Schvarzman (2008), Matos (2014), Berchmans (2006), Carvalho (2010), Esteves (2022). Bem como pelas formulações teóricas do francês Michel Chion (2009; 2011), verificadas em seu extenso trabalho sobre o som, a voz e a música no cinema. Fica claro, portanto, que os temas compostos por Dominguinhos são todos tocados na diegese, os temas instrumentais clássicos de Zbigniew Preisner são inseridos na pós-produção do filme e três das quatro músicas pré-existentes são usadas diegéticamente, utilizando dois rádios e uma vitrola e a música extra-diegética, chamada Foi Você, a música pré-existente de Márcio Greyck toca no aniversário de Alfonsina.