Óbitos neonatais evitáveis por adequado controle na gravidez e atenção ao parto no município de Recife-PE

Abstract

Introdução: A mortalidade neonatal é considerada ainda um grande problema de saúde pública no Brasil e no mundo, devido aos seus altos índices. Tendo em vista as taxas de mortalidade neonatal consideravelmente elevadas e o compromisso firmado pelo Brasil junto às Nações Unidas de enfrentamento e redução das mortes neonatais evitáveis, o presente estudo buscou responder a seguinte questão: Quais os fatores de risco relevantes para os óbitos neonatais evitáveis no município de Recife? Objetivo: Analisar os fatores associados aos óbitos neonatais evitáveis por adequado controle na gravidez, atenção ao parto e ao recém-nascido no município de Recife no período de 2018 a 2020. Método: Estudo quantitativo, transversal, realizado no município de Recife, Pernambuco. Os dados foram extraídos do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) e do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), disponibilizados pela Secretaria Municipal de Recife. A variável dependente foi o óbito neonatal por causas evitáveis, analisado conforme a Lista Brasileira de Causas de mortes evitáveis por intervenções do Sistema Único de Saúde do Brasil. O método linkage foi utilizado para reconhecer a variável comum. O teste de Kolmogorov-Smirnov foi utilizado para investigar a normalidade das variáveis contínuas. A associação entre as variáveis foi analisada por meio do teste de Qui-quadrado ou Exato de Fisher, considerando nível de significância 5%. Resultados: Foram analisados 497 óbitos neonatais em Recife, de 2018 a 2020, que corresponderam a 71,8% do total de óbitos no primeiro ano de vida. Desses óbitos, 316 (63,58%) ocorreram por causas evitáveis por adequada assistência à mulher na gestação, parto e ao recém-nascido, 12 (2,42%) foram por outras causas evitáveis e 169 (34%) foram por causas não evitáveis. Os fatores de risco associados ao óbito neonatal evitável por adequada assistência à mulher na gestação, parto e ao recém-nascido, quanto às características sociodemográficas e obstétricas da mãe foram a raça/cor em 2019 (p*= 0,043), o bairro de ocorrência nos três anos (2018 p**=0,035; 2019 p**=0,002; 2020 p**=0,001), a quantidade de filhos vivos em 2020 (p*=0,036), o tipo de parto em 2018 (p*=0,022), a duração da gestação em todos os anos (2018 p*=0,000; 2019 p*=0,000; 2020 p*=,000) e a quantidade de consultas pré-natal realizadas em 2018 (p**=0,002) e 2020 (p**=0,040). As características do recém-nascido que tiveram associação estatística foram o sexo em 2019 (p**=0,010), a raça/cor em 2020 (p**=0,022), peso ao nascer em todos os anos (2018 p*=0,000; 2019 p*=0,000; 2020 p*=0,015), o valor de APGAR no 1° minuto de vida em 2018 (p*=0,036) e a presença de anomalia congênita em todos os anos (2018 p*=0,000; 2019 p*=0,000; 2020 p*=0,000). Conclusão: raça/cor materna, quantidade de filhos vivos, tipo de parto, duração da gestação e a quantidade de consultas de pré-natal, além de sexo do RN, raça/cor do RN, peso ao nascer, APGAR no 1° minuto de vida, presença de anomalia congênita e local de ocorrência do óbito são fatores de risco para a ocorrência de morte neonatal evitável por adequado controle da gravidez e atenção ao parto e ao recém-nascido no município de Recife-PE.