Evolução dos marcadores de consumo alimentar e perfil antropométrico em adolescentes de Pernambuco: uma análise dos dados do Sisvan

Abstract

A população no geral vem aderindo cada vez mais aos produtos de preparo rápido, altamente industrializados. O consumo alimentar está intimamente ligado ao estado nutricional dos adolescentes, sendo de grande relevância o acompanhamento das medidas corporais pelos profissionais das unidades de saúde, visando a promoção da saúde e prevenção de doenças. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é avaliar o consumo alimentar e o perfil antropométrico de adolescentes residentes no estado de Pernambuco, entre os anos de 2020 e 2022. Trata-se de um estudo transversal e descritivo com uso de dados disponibilizados pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional. O déficit estatural em adolescentes saiu de 9,52% para 8,35% no Brasil e 11,72% para 11,52% em Pernambuco, nos anos de 2020 e 2022, respectivamente. Enquanto o percentual de magreza passou de 3,89% para 4,22% no Brasil e de 4,65% para 5,05% em Pernambuco, nos mesmos anos. Ainda em Pernambuco, a magreza foi superior no sexo masculino, passando de 7,47% para 7,68%, em relação ao feminino (de 4,09% para 4,39%). O excesso de peso reduziu de 30,13% para 29,61% nos adolescentes pernambucanos e de 31,93% para 31,2% no Brasil, em 2020 e 2022. Em Pernambuco houve uma tímida redução do excesso de peso no sexo feminino (de 30,47% para 29,35%) e aumento no masculino (de 28,39% para 29,1%). No que tange o consumo de alimentos em Pernambuco houve aumento no percentual de pessoas que realizavam as três refeições ao dia (2,63% para 90,04%), enquanto houve redução no consumo de feijão (de 92% para 90,1%), frutas (de 80,25% para 77,88%) e verduras e/ou legumes (de 72,29% para 70%). Em relação aos marcadores de risco, observou-se aumento no consumo de ultraprocessados (de 86,29% para 86,81%) e redução na ingestão de bebidas adoçadas (de 71,5% para 69,72%). Mais de 60% dos adolescentes pernambucanos tinham o hábito de realizar as refeições em frente a tela. A convivência com diferentes formas de má nutrição é um desafio para a saúde pública no Brasil, Nordeste e estado de Pernambuco. A estatura baixa ou muito baixa para a idade foi mais prevalente no sexo masculino, enquanto o excesso de peso foi maior no sexo feminino, apesar do aumento no sexo masculino. A redução no consumo de alimentos saudáveis e aumento nos marcadores de risco justificam parcialmente esse cenário. Portanto, é essencial o planejamento de ações e políticas intersetoriais para o enfrentamento de agravos complexos e que se sobrepõem, gerando sindemias globais.