Análise taxonômica aplicada a culturas de Malassezia e avaliação do perfil de susceptibilidade frente a novos compostos bioativos

Abstract

O gênero Malassezia corresponde a leveduras lipofílicas e/ou lipodependentes que estão presentes na microbiota autóctone de humanos e animais. Este gênero apresenta identificação taxonômica baseada em aspectos morfológicos, bioquímicos e fisiológicos. Esta levedura habita a microbiota autóctone de humanos e animais sem causar prejuízos a estes. No entanto, o rompimento do equilíbrio dos fungos na microbiota pode ocasionar o estabelecimento das infecções. Malassezia sp. pode estar associada a infecções fúngicas como a pitiríase versicolor e manifestações sistêmicas, tendo, portanto, grande relevância clínica o que requer um tratamento apropriado. O cetoconazol é um dos fármacos do mercado recomendados para o tratamento desta micose. Entretanto, diante do aumento da resistência das cepas aos antimicrobianos, alternativas como o uso de derivados tiofênicos, especialmente os 2- amino-tiofênicos (6CN e 7CN), como possível terapia antifúngica vêm se destacando devido ao reconhecimento por suas atividades biológicas O presente trabalho contou com o fornecimento de isolados fúngicos da coleção de cultura Micoteca URM da universidade Federal de Pernambuco e do acervo do grupo de pesquisa Fungos de interesse médico e leveduras de interesse biotecnológico do Departamento de Micologia a fim de autenticá-los taxonomicamente através do sequenciamento parcial dos domínios D1/D2 do gene ribossômico 28S por meio dos iniciadores NL1 e NL4. A análise filogenética do gênero foi observada por meio de uma árvore filogenética (Neighbor Joining), onde o sequenciamento evidenciou os isolados URM5542, URM4502, URM2881, 84, URM4499, URM4849, URM4850, URM4813 e URM5389 com relações de parentesco filogenético com a espécie tipo de Malassezia furfur e com grupos diferentes ao gênero Malassezia, como os isolados URM4220, URM4226, URM4227, aparentados com o gênero Candida e a cepa URM5977, com parentesco filogenético com o gênero Saccharomyces. O estudo do perfil de susceptibilidade in vitro dos isolados seguiu os protocolos do documento M27-A3 (CLSI) através da microdiluição em caldo com típicas modificações, utilizando o cetoconazol, droga antifúngica convencional, e os derivados tiofênicos como novos compostos bioativos. Para os isolados com parentesco filogenético com o gênero Malassezia (URM5542, URM4502, URM2881, 84, URM4499, URM4849, URM4850, URM4813 e URM5389), foi observada sensibilidade aos compostos 6CN e 7CN (CIM 100-400 μg/mL). Todas

as cepas, com exceção do isolado URM5977, aparentado com a espécie Saccharomyces cerevisiae, apresentaram valores de CIM 0,125-4 μg/mL para o cetoconazol. Os isolados URM4220, URM4226, URM4227 e URM5977 apresentaram crescimento mesmo na maior concentração utilizada no ensaio para os compostos 6CN e 7CN. Diante disso, mais estudos com novos derivados tiofênicos que venham a ser sintetizados são de extrema importância a fim de avaliar o comportamento de susceptibilidade das cepas de Malassezia sp. aos novos arranjos destas moléculas.