Comportamento alimentar e sua associação com a autoimagem corporal em estudantes de nutrição

Abstract

Introdução: O comportamento alimentar trata-se de algo muito complexo, podendo influenciar na percepção da imagem corporal, que corresponde à capacidade do individuo se relacionar com o corpo de forma bondosa e respeitosa. Por outro lado, a percepção negativa da autoimagem corporal pode também influenciar no comportamento alimentar. Vive-se hoje em uma sociedade que confere extremo valor à estética corporal e muitas vezes, a pressão para obter um corpo definido como ideal leva a uma pior aceitação à imagem, causando um impacto significativo na saúde física, psicológica e social, especialmente entre os profissionais da área da saúde. Objetivo: O presente trabalho teve como objetivo principal analisar o comportamento alimentar e a percepção da autoimagem corporal entre estudantes do curso de graduação em Nutrição de uma Universidade pública no interior de Pernambuco. Metodologia: Trata-se de um estudo de corte transversal observacional, analítico e exploratório, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Acadêmico de Vitória de Santo Antão da Universidade Federal de Pernambuco – CAEE nº: 34124020.9.0000.9430; envolvendo 115 estudantes matriculados no período 2020.1 no curso de Nutrição do Centro Acadêmico de Vitória, da Universidade Federal de Pernambuco. Para a avaliação dos aspectos socioeconômicos e demográficos foram utilizados os critérios da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, desenvolvido pelo Critério de Classificação Econômica Brasil - CCEB. Foi avaliado também o perfil nutricional dos participantes através do índice de massa corporal (IMC) referido e do questionário “Como está a sua alimentação?” baseado no Guia para população brasileira, para conhecimento dos hábitos alimentares da população avaliada; a percepção e a satisfação/distorção da autoimagem corporal foi avaliada pela Escala de Figuras de Stunkard adaptada e traduzida para o Brasil; as análises referentes às desordens relacionadas ao comportamento alimentar foram realizadas através do questionário Three Factor Eating Questionnaire – versão reduzida de 21 itens, traduzido e validado para a população brasileira. Após desfecho das avaliações foi considerado o cálculo das médias, medianas e os desvios-padrão das variáveis contínuas e as frequências absolutas e relativas das variáveis categóricas através do software Statistical Package for the Social Sciences. Resultados: Quanto as características sóciodemográficas, a maioria dos estudantes foi do sexo feminino (84,3%) com idade média de 22,09 ±3,18 anos, procedentes em maior parte de outras cidades (88,7%), que não eram a capital do estado de Pernambuco. A média do IMC foi de 23,3 ±3,9. Dentre os comportamentos disfuncionais avaliados, a restrição cognitiva foi a que apresentou maior mediana, 44,4. No que diz respeito a percepção da autoimagem corporal, 79,1% apresentaram distorção e 76,5% insatisfação. Verificou-se que os estudantes que apresentaram “descontrole alimentar” e “alimentação emocional” apresentaram também associação positiva com a situação de “atenção” quanto aos seus hábitos alimentares, com níveis de significância p= 0,001 e p = 0,004, respectivamente. Encontrou-se associação entre eutrofia e distorção da autoimagem corporal (p=0,050). Conclusão: Observou-se alta prevalência de comportamentos alimentares disfuncionais, insatisfação e distorção da imagem corporal. Tal resultado ressalta a necessidade de uma maior atenção às percepções e às relações dos estudantes de nutrição com a comida, o comer e o corpo.