Novos usos como forma de conservação patrimonial: o caso da arquitetura sacra católica

Abstract

No âmbito da Conservação Integrada, há a possibilidade de atribuição de novos usos em edifícios de interesse patrimonial, quando seu uso primário se torna inviável, em função de diferentes fatores. Na atualidade, pode-se observar alguns casos emblemáticos de alteração de usos, em templos da arquitetura sacra católica, em desuso, com adequação das edificações a usos contemporâneos como forma de salvaguardá-los. A conservação, com base na introdução de novos usos, requer algumas considerações como a adequação do novo uso à tipologia arquitetônica, na qual será inserido e, no caso dos edifícios religiosos, além do aspecto físico arquitetônico é necessário atentar para os aspectos simbólicos atrelados ao edifício. Logo, inserir um novo uso, dito profano, em um espaço destinado à sacralidade, pode consistir em uma faca de dois gumes, uma vez que repercute sobre as dimensões material e imaterial. Se, por um lado, conserva-se um bem patrimonial arquitetônico, por outro lado, pode-se estar abrindo mão de seu valor simbólico. Com base nessa observação, o presente trabalho tem como objetivo investigar de que modo a conservação de um edifício simbólico, como é o caso de uma igreja, baseada na atribuição de um novo uso, pode implicar em um antagonismo entre conservação material e manutenção dos aspectos simbólicos do edifício. Para isso, serão levados em conta os princípios da Conservação Integrada, quando da inserção dos novos usos, como forma de buscar um possível equilíbrio entre a conservação material dos edifícios e os valores simbólicos a ele atrelados.