Associação das práticas parentais com o comportamento e hábito alimentar de crianças de 2 a 6 anos

Abstract

A maior parte dos hábitos e comportamentos alimentares são formados na infância, sobretudo na fase pré-escolar. Os pais exercem um importante papel que influencia a modulação dessa díade. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi verificar a associação entre as práticas parentais nos hábitos e comportamentos alimentares de crianças entre 2 a 6 anos.. Tratou-se de um estudo transversal, quantitativo do tipo Survey, caracterizado pela aplicação de um questionário estruturado contendo questões que envolviam as práticas parentais de alimentação (Comprehensive Feeding Practices Questionnaire - CFPQ), escala de atitudes (Child Feeding Questionnaire - CFQ), hábitos do dia a dia da família, variáveis antropométricas, socioeconômicas e questionário de frequência alimentar para pais ou cuidadores de crianças de 2 a 6 anos de idade, residentes do Recife ou região metropolitana. O questionário foi aplicado de forma online no período de outubro de 2021 a maio de 2022. A presente pesquisa foi submetida e autorizada pelo Comitê de Ética. A amostra foi constituída por 36 participantes, sendo a maioria das respostas (94,4%) enviada pela mãe da criança. A média de idade dos pais correspondeu a 31 anos e 6 meses e a maior parte da amostra tinha ensino superior e possuía apenas um filho. Pouco mais da metade dos pais (52,8%) receberam orientação nutricional acerca de como conduzir a alimentação infantil. A maior parte das crianças (38,4%) estava envolvida com uma alimentação de qualidade intermediária, já os pais apresentaram em sua maioria uma alimentação de baixa qualidade (66,6%). Segundo os dados autorreferidos pelos pais, de acordo com o Escore-Z peso/idade a eutrofia esteve presente na maioria das crianças (88,9%), enquanto que os pais, segundo a classificação baseada no índice de massa corporal, apresentaram excesso de peso (58,3%). A prática da modelagem foi o domínio que obteve maior concordância entre os pais deste estudo e a prática de pressão para comer foi a menos praticada. Não houve diferença significativa entre a qualidade da alimentação de crianças filhas de pais eutróficos e com excesso de peso. Conclui-se que as práticas de envolvimento e incentivo estiveram correlacionadas positivamente com a qualidade da alimentação das crianças, enquanto que a prática de controle ao acesso influenciou negativamente na qualidade do consumo das crianças. A orientação nutricional recebida pelos pais, realizada por profissional capacitado, pode ser um diferencial positivo na qualidade da alimentação das crianças.