Análise estrutural do embasamento cristalino adjacente às bacias de Pernambuco e Paraíba, porção central da região metropolitana do Recife, NE Brasil

Abstract

A configuração geológica da Região Metropolitana do Recife (RMR) é produto de uma complexa evolução tectônica. Na porção central da RMR estão dispostas rochas pré-cambrianas relacionadas ao embasamento adjacente às bacias Pernambuco e Paraíba. Comumente, estas rochas são afetadas pela deformação dúctil e dúctil-ruptil do ramo leste da zona de cisalhamento Pernambuco (ZCPE). Neste trabalho, a avaliação da atuação dos processos tectônicos na região central da RMR foi abordada a partir da integração de dados de aeromagnetometria, gravimetria terrestre, aerolevantamento LIDAR e dados de campo. Esses dados permitiram a caracterização estrutural a a partir de mapas morfotectônicos (hipsometrico, declividade, aspectos e curvatura), análise do padrão de drenagem e análise das pelotensões. O embasamento da região é composto por ortognaisses granodioritícos a graníticos e milonitos do Complexo Belém do São Francisco, ortognaisses graníticos localmente migmatizados do Complexo Salgadinho e rochas de composição granítica relacionadas ao Plúton Guarany. A deformação dúctil da ZCPE é marcada por foliação milonítica de alto de ângulo (E-W) que apresenta lineação de esterimento mineral subhorizontal com critérios cinématicos (trama S-C-C’ e bundins assimétricos) mostrando um movimento destral. A deformação dúctil-rúptil é representada por bandas de cisalhamento que cortam de forma oblíqua a foliação milonítica. A transição progressiva da deformação dúctil para dúctil-rúptil da ZCPE sugere que o ciclo Brasiliano-Pan-Africano atuou em diferentes níveis crustais nesta região. A deformação rúptil é evidenciada por falhas (normais e transcorrentes) e juntas orientadas preferencialmente na direção ENE-WSW, NE-SW e NW-SE e parcialmente preenchidas por carbonatos e sulfetos. A análise de paleotensões registrou uma variação dos tensores de deformação na área de estudo. O sistema de falhas normais (NE-SW) e transcorrentes (NW-SE) sugere um regime transtensivo com σ1 subverticalizado e extensão máxima NW-SE. Este regime está possivelmente relacionado rifteamento do Cretáceo que culminou na abertura do Oceano Atlântico Sul. Neste caso, as falhas de transferência NW-SE apresentam a sua origem ligada a reativação rúptil de bandas de cisalhamento C´ durante a abertura das bacias sedimentares marginais (Barremiano-Meso-Albiano) do nordeste brasileiro. O segundo campo de tensões identificado apresenta uma compressão e extensão máxima horizontalizadas WNW-ESSE e NNE-SSW, respectivamente. Estes tensores são condizentes com o evento transcorrente atuante desde o Mioceno até o Recente, que, provavelmente, está relacionado a uma resultante de tensões entre a evolução geológica da Cordilheira dos Andes e expansão do Oceano Atlântico Sul.