Vida silvestre ex situ : perspectivas sobre as políticas públicas de conservação da fauna em cativeiro

Abstract

A subtração ou a expulsão de animais silvestres de seus habitats são consequências de diversas ações antrópicas, dentre as quais o tráfico e a fragmentação dos ecossistemas. Dessa forma, apesar de terem suas funções pouco compreendidas pela sociedade, os zoológicos, os Centros de Triagem de Animais Silvestres – CETAS e os bioparques, surgem como alternativas para a manutenção, conservação, a recuperação, a reabilitação e a destinação desses espécimes retirados da natureza. Neste sentido, objetivou-se na presente pesquisa, analisar à importância dos diferentes estabelecimentos de uso e manejo da fauna silvestre em cativeiro, no contexto da conservação ex situ em zoológicos, CETAS e bioparques. Para tanto, foram realizadas as pesquisas bibliográfica, documental e de campo, fundamentada na aplicação de um questionário semiestruturado para três diferentes grupos de colaboradores de CETAS e zoológicos: Grupo 1/Parque Estadual de Dois Irmãos - G1 (PEDI/PE), Grupo 2/Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres - G2 (CETRAS/PE), e Grupo 3/Parque Zoobotânico Arruda Câmara – G3 (PZAC/JP), a partir dos quais foram analisadas as perspectivas de gestores, tratadores de animais, estagiários, técnicos e demais colaboradores sobre estes estabelecimentos de fauna no contexto da conservação ex situ de animais silvestres. As entrevistas foram processadas com base no método da análise de conteúdo de Bardin, com a utilização do software NVivo. Como principais resultados do estudo foram identificados que a legislação de proteção de animais silvestres em cativeiro tem avançado para estabelecimentos mais efetivos para a conservação da fauna nos CETAS e nos zoológicos, todavia, ainda não existem normas específicas para os bioparques. Ademais, na análise de Cluster, dois dentre os três grupos amostrais (G1 e G2), embora reconheçam sua importância na manutenção de animais silvestres, associaram indiretamente os zoológicos à conservação da fauna silvestre. Apenas o G3 (PZAC/JP) associou esta relação de conservação ex situ de forma direta. Por sua vez, a análise de conteúdo revelou que todos os grupos pesquisados (G1, G2 e G3) reconheceram os zoológicos, CETAS e bioparques como instrumentos importantes na conservação ex situ da fauna silvestre, contudo, na análise de contexto, os mesmos indicaram percepção limitada quanto ao papel dos bioparques. A partir dos resultados obtidos com esta pesquisa, restou evidente a necessidade de aperfeiçoamento dos zoológicos para estruturas mais efetivas na conservação da fauna silvestre, como também de maiores investimentos para os CETAS, e da capacitação dos colaboradores dos estabelecimentos de uso e manejo da fauna em cativeiro dos bioparques.